A Austrália foi a segunda paragem na volta ao mundo e as cidades de Sydney e Brisbane foram os principais pontos de passagem.

A minha expectativa era alta. Não sei explicar porquê, mas há muitos anos que tinha a Austrália na minha bucket list. Afinal, a volta ao mundo resultou da decisão de ir até este país.

Mas a Austrália não começou bem!

A primeira paragem foi em Sydney e a assistência no aeroporto não foi a pior, mas esteve ao nível das piores que já tive até hoje. Estava convicta de que iria ser 5 estrelas.

A cadeira de cabine, com que me tiraram do avião, era minúscula e estava partida, faltava um dos braços. O pessoal não foi eficiente e, por isso, a segurança não foi total. Para agravar a situação, a minha cadeira não estava à porta do avião, pelo que tive que ir numa cadeira do aeroporto, empurrada por um funcionário, até ao tapete onde recolhi a minha. E este é um dos piores pesadelos que uma pessoa que anda em cadeira de rodas pode ter num aeroporto. O pior é partirem ou perderem-nos a cadeira.

Há que gerir as expectativas que fazemos das coisas, mas, com o tempo, vamos aprendendo a não criar demasiadas, nem para o bom nem para o mau, e, também, depois a lidar com elas.

Austrália – O roteiro

O que tínhamos planeado de início era visitar Sydney e Brisbane e fazer uma road trip entre estas duas cidades, passando por Blue Mountains, Hunter Valley, Port Macquaire, Byron Bay e Gold Coast. Mas o clima trocou-nos as voltas, literalmente!

Como as previsões eram de muita chuva, o que acabou mesmo por acontecer, desistimos de ir para a zona das montanhas, com muita pena, e voámos diretamente para Brisbane

Assim, deixámos cair as Blue Mountains, Hunter Valley e Port Macquaire, mas viajar é mesmo isto. É impossível controlar e planear tudo ao pormenor com tanta antecedência.

O nosso roteiro acabou por ser: visitar Sydney, seguir para Brisbane de avião e, depois, fazer uma Road trip até Gold Coast e Byron Bay.

Sydney

Sydney foi uma surpresa em termos de cidade! Não sei exactamente o que estava à espera, mas encontrei uma cidade moderna, bonita, organizada e com muita vida. O enquadramento é muito bonito e gostei das pessoas: simpáticas, prestáveis e afáveis. É uma cidade muito acessível, para quem se desloca em cadeira de rodas, mas com inclinações de terreno que complicam um pouco.

A incontornável Opera House é a imagem de Sydney e é impossível não passar por ela. Apreciar o pôr do sol no Opera Bar, ao ar livre, é um espectáculo a não perder. Foi o que fizemos numa das tardes, nós e mais umas centenas de pessoas. O sol desceu por trás da Harbour Bridge, em tons laranja forte, e foi um momento inesquecível.

Percorrer o porto de Sydney, Port Jackson, é obrigatório. Aqui, a azáfama é grande, não só de turistas, mas também de habitantes locais, já que aqui se encontra a Circular Quay, o maior hub de transportes da cidade.

Por lá passámos todos os dias, um deles para apanhar o barco que nos levou até Manly Beach, uma das praias mais famosas de Sydney. A praia é acessível, com cadeira anfíbia, que não usei, e com casa de banho pública adaptada. Aconselho, nem que seja só pelo passeio de barco.

Bondi beach, talvez a mais conhecida, estava, também, nos nossos planos, mas o tempo não deu para tudo.

Mesmo em frente à Ópera, é possível visitar o Jardim botânico e ter uma vista muito bonita, de cima, para toda a baía. E vale a pena percorrer todo o porto, desde a sala de concertos até à Harbour Bridge, do outro lado, e pelo caminho parar no Museu de Arte Contemporânea, isto para quem gosta.

Nesta zona temos também The Rocks, o bairro histórico de edifícios coloniais, mercados ao ar livre, bares animados e uma atmosfera vibrante onde nos perdemos no tempo.

Mas esta é apenas a baía mais conhecida de Sydney, mas não a única.

Muito perto do centro, fica a zona de Darling Harbour. Aqui, há oferta de museus, o aquário de Sydney e o Cockle Bay Wharf com bares e restaurantes. A Pyrmont Bridge, uma das mais antigas pontes giratórias, operadas eletricamente, do mundo, o que permite que os barcos mais altos possam passar. É pedestre e oferece vistas panorâmicas da baía.

O Queen Victoria Building, outro edifício emblemático de Sydney, é tão lindo por fora como por dentro. Abriu em 1898 e já teve vários usos, hoje é um centro de lojas. Mas, mesmo sem precisar de fazer compras, vale a pena entrar e perdermo-nos nos detalhes do chão, escadaria, elevadores, relógios, vitrais, a cúpula, etc., tudo é bonito.

Mesmo no coração da cidade, podemos descansar e respirar nos 16 hectares de Hyde Park. No parque é de aproveitar para visitar o ANZAC Memorial o memorial, dedicado aos heróis de guerra australianos e neo-zelandeses, e a St Mary’s Cathedral, ambos acessíveis a cadeiras de rodas.

Mas, se chover muito, como aconteceu, além de ser uma óptima altura para lavar roupa, na lavandaria do hotel, nada como visitar um museu. Fomos até ao Art gallery new south of wales. A parte má foi a de que a chuva não abrandou e apanhámos uma molha descomunal até chegarmos ao hotel.

Como alterámos o plano de viagem e acrescentámos mais dois dias a esta cidade, aproveitámos e, num desses dias, visitámos o Museu Australiano de história, ciência, natureza e cultura. Acessível, claro!

As ruas Pittst Street Mall, George Street, king Street e Market Street são as mais centrais e movimentadas de Sydney onde conseguimos apreciar a vida da cidade e, em termos arquitéctónicos, a mistura do antigo com as estruturas modernas dos dias de hoje.

Para quem gosta de vistas panorâmicas, há a Sydney Tower Eye, que, além da vista, oferece experiências mais radicais para os mais aventureiros. Não são, no entanto, possíveis para todas as pessoas com mobilidade condicionada. Nós não subimos.

Ficámos hospedados no Ibis Styles Sydney Central, que não aconselho em termos de limpeza, mas estava bem adaptado, tirando a alcatifa do quarto onde era dificílimo andar de cadeira de rodas. Odeio alcatifas e tento sempre não ficar em hotéis que a tenham, mas aqui teve que ser.

O melhor spot de pequeno-almoço ficava mesmo ao lado do hotel e foi onde fomos todos os dias, o Joe Black Café.

Acessibilidades

Sydney é uma cidade muito acessível, tanto a nível de espaço público, com passeios lisos e rebaixados, como de entrada nos locais. Claro, como em todos o lado, também existem espaços com degraus e sem acesso a quem se desloca em cadeira de rodas.
Em relação ao terreno, torna-se, em alguns locais, complicado com subidas bastante inclinadas.

Daqui seguimos para Brisbane.

JustGo!!

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