Durante três anos partimos rumo às Caraíbas: Riviera Maya no México e Samaná e Punta Cana na República Dominicana. Foram dias de descanso, sol e praia.

Ficámos em resorts da cadeia Bahia Principe em todos os destinos das Caraíbas. São hotéis bonitos e muito cuidados mas a decoração dos quartos pouco varia de uns locais para os outros o  que faz com que pareça que estamos sempre no mesmo local.

Eram acessíveis, mas não encontrei nenhum com praia acessível. Já lá vão alguns anos (mais de dez), talvez alguma coisa tenha sido feita. Samaná foi o que mais me agradou, a extensão de areia até à água é curta o que facilitou a quem me ajudava.

Se o objectivo é apenas praia estes destinos das Caraíbas são muito bons, os resorts são acessíveis, sem grandes obstáculos em quase todo o empreendimento. No entanto, a maior parte das excursões que nos tentam vender, algumas até bastante apelativas, não são muito fáceis para quem está em cadeira de rodas. Na altura não me aventurei a sair dos resorts o que tornou as viagens muito limitativas e monótonas.

A viagem a Samaná foi como que uma primeira lua-de- mel já que foi a primeira que eu e o meu marido fizemos juntos. Namorávamos há pouco tempo.

Ao chegarmos ao aeroporto, no checkin, fomos logo presenteados com um upgrade para primeira classe!! Começava, assim, muito bem a nossa viagem.

Uma vez que me desloco em cadeira de rodas o nosso transfer para o hotel foi feito num autocarro mais pequeno onde seguimos apenas os dois. Todas as outras pessoas, que iam para o mesmo resort, seguiram num outro autocarro, maior, à nossa frente.

A meio da viagem, de repente, o autocarro grande continua em frente e o nosso vira para uma estrada secundária mais estreita. Achámos estranho… Ficámos atentos. Acabávamos de entrar pela serra e seguia uma carrinha, velha, à nossa frente de vidros fumados, o meu marido com um ar desconfiado e eu … eu comecei a ficar preocupada. A paisagem ficava cada vez mais bonita mas não conseguíamos apreciá-la com atenção. O silêncio do meu marido, soube depois, devia-se ao facto de ele estar a magicar uma forma de nos defender no caso de sermos assaltados pelos ocupantes da carrinha da frente, tipo filme de acção que se transformou, mais tarde, em comédia depois de o susto ter passado.

Entretanto, lá perguntámos o porquê daquele caminho e o guia explicou que era mais rápido e que o outro autocarro não o podia fazer por ser de grande dimensão. Ficámos mais descansados e, conseguimos então olhar para fora da janela e reparar numa realidade que de outra forma não conseguiríamos. Uma paisagem deslumbrante, casas humildes, estradas por asfaltar, alguma pobreza mas pessoas com um sorriso na cara. Povo muito simpático e humilde. Aqui ninguém pede gorjetas ao contrário do México que é a toda a hora e para tudo.

Uma semana num resort, das Caraíbas, dá para fazer algumas amizades e integrámos um grupo giro que nos cantava “Love is in the air” de cada vez que o F. me levava ao colo para dentro daquelas águas azul-turquesa transparente e a uma temperatura de onde não apetecia nunca sair.

Não posso esquecer a vergonha que passei, num dos dias, quando um pouco depois de sair do quarto ouço alguém a chamar por mim e ao olhar para trás me dizem que tinha deixado cair algo. No chão vejo uma peça de roupa que rapidamente tento apanhar mas ingloriamente pois o senhor era um cavalheiro e prontamente se apressou a apanhá-la para ma entregar…Sim, era a última peça de roupa que alguém quer deixar cair na rua e pior que alguém a apanhe para nos entregar…. Ao juntar a roupa usada, do dia anterior, para guardar devem ter caído e ficado presas na cadeira, depois foi o que foi…

Enfim, vergonhas à parte … Um resort pequeno, muito agradável com pessoas muito simpáticas e disponíveis que nos proporcionaram uns dias muito bem passados, onde estivemos, literalmente, todo o tempo de molho.

Já no pequeno aeroporto que dá apoio a Samaná, depois do checkin para o voo de regresso, passámos à sala de espera onde se encontrava uma única loja de dutyfree e que não vamos esquecer mais.

Para fazer tempo andámos pela loja e decidimos experimentar óculos! Óculos que não tencionávamos comprar. Entretanto o F. foi à casa de banho e eu passei à zona dos perfumes, quando uma empregada da loja vem ter comigo com uma etiqueta na mão e diz-me que para pagarmos os óculos iríamos precisar dela. Digo-lhe que não tínhamos nenhuns óculos para comprar e ela insiste que deve ter o meu marido. Disse-lhe que não e que ele tinha ido à casa de banho, ficou desconfiada. Depois disto saí da loja e dirigi-me à sala de espera onde comentei com o F. que me confirmou que não tinha nada e que era confusão da senhora.

Continuaram a olhar-nos até que vemos dirigirem-se a nós a empregada mais dois homens e um segurança do aeroporto. Fizeram-nos acompanhá-los a outra zona com as nossas malas que revistaram, assim como a nós. Ridículo é que até abriram uma agenda que eu tinha na mala para ver se estavam uns óculos dentro?!? Foi extremamente desagradável e, claro, que não encontraram nada, pelo que exigi um pedido de desculpas pelo altifalante do aeroporto o que fizeram de seguida.

Agora faz parte das nossas histórias mas no momento não foi muito simpático. A parte boa foi ver que algumas pessoas do grupo, com quem nos relacionámos durante a semana, nos acompanharam até onde conseguiram o que nos deu algum conforto pois foi arrepiante desconfiarem de nós ao ponto de nos revistarem como se tivéssemos roubado algo.

Não voltámos a Samaná, nem a nenhum destino das Caraíbas, mas, apesar do sucedido, recordo aquele destino com carinho.

Confesso que sempre que passo num expositor de óculos penso primeiro antes de mexer!!

Love is in the air everywhere I look around

 Love is in the air every sight and every sounD

AND I don’t know if I’m being foolish

 Don’t know if I’m being wise

 But it’s something that I must believe in

 And it’s there when I look in your eyes

JustGo!!

Ano da viagem: 2007-2009 Caraíbas

caraíbas-cadeira-de-rodas

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