Enoturismo e arquitectura de referência a nível mundial, acessível a todos, no Alentejo? Claro que sim, na Adega Mayor.

Ora vamos lá a mais um passeio pela modernidade do nosso Alentejo! Desta vez, na Adega Mayor do grupo Nabeiro.

Chegámos à Herdade das Argamassas já em cima da hora da visita, mas muito a tempo ou não estivéssemos no Alentejo.

Apesar de não ter conhecido o Comendador Rui Nabeiro, com grande pena minha, ele esteve sempre presente ao longo da visita. Era com muito carinho que Raquel, que nos acompanhou na visita, se referia ao Sr.º Rui quase como se fosse da sua família. E, pelo que percebi, acredito que seja assim que se sentem todos os que lá trabalham, fazendo parte da mesma família.

Começámos no Auditório com a apresentação de um filme que descreve toda a história da Adega, o processo de produção do vinho e o nascimento do projecto da Adega Mayor. Neste momento, devido à pandemia, não é possível visitar a sala de produção, pelo que passámos diretamente para a sala de rotulagem e embalamento das garrafas. Daí seguimos para a enorme sala de estágio do vinho onde estão as barricas, distribuídas por uma área de mil metros quadrados.

SER MAYOR É NÃO FAZER UM VINHO QUE NÃO POSSAMOS OFERECER A UM AMIGO.

Site Adega Mayor

Para quem gosta de café, aproveite e faça uma vista ao Centro de Ciência do Café, já que vai passar mesmo ao lado, e fique a conhecer todo o processo de produção e a história que envolve a bebida, sem a qual não passamos todos os dias. Desta vez, não o fiz, mas quero voltar um dia com mais tempo.

Arquitectura

O edifício da Adega Mayor, da autoria do arquitecto Álvaro Siza Vieira, surge ao longe, muito discreto, e vai crescendo à medida que nos aproximamos. Apresenta-se-nos sem grande impacto na paisagem, e foi mesmo essa a preocupação do arquitecto ao projectá-lo, tanto visto de terra como de cima. Para isso contribui o facto de o terraço estar todo coberto de relva juntamente com uma área em espelho de água.

Aliás, esta é uma preocupação que tenho reparado existir em todas as adegas contemporâneas que tenho visitado.

A simplicidade da arquitectura do edifício contrasta com a complexidade da sua funcionalidade, ambas necessárias para se atingir a excelência.

O armazenamento e produção de vinho implicam uma série de condições específicas de modo a garantir a melhor qualidade possível do produto final e a temperatura e a luz são essenciais para alcançar esse objectivo.

A relva e o espelho de água não estão lá apenas por questões estéticas ou de decoração. Servem, sim, para que a sala de estágio, que se encontra por baixo do terraço, se mantenha a uma temperatura idealmente baixa. Eu fiquei gelada nos poucos minutos que lá passei dentro e não existe qualquer ar condicionado. Outra das condições essenciais é que não apanhe luz directa o que de facto acontece, pois as duas janelas, nos topos da sala, foram desenhadas para que tal se verifique.

A Prova

A sala de provas fica no primeiro andar e aqui encontramos exposta toda a gama de vinhos produzidos na adega.

Touriga Nacional, Reserva do Comendador Branco, Reserva do Comendador Tinto, Reserva Pai Chão, e o licoroso Orionte: esta foi a prova que fizemos, e sim, abusei um pouco na quantidade o que me deixou mais alegre no final da prova. Foi a nossa opção, mas são várias as ofertas de experiências que disponibilizam e, para pessoas com menos resistência como eu, talvez seja melhor não escolher uma com tantos vinhos.

Touriga Nacional de 2019, com estágio em barricas novas de carvalho francês.
Reserva do Comendador Branco de 2019, produzido com as castas Antão Vaz, Verdelho e Viognier e Reserva do Comendador Tinto de 2017 com castas Alicante Bouchet, Syrah e Touriga Nacional. Ambos estagiaram em barricas novas de carvalho francês.
Reserva Pai Chão de 2016 produzido com as castas Alicante Bouchet e Touriga Nacional, com estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês.
O “Orionte” é um licoroso tinto, proveniente da casta Alicante Bouschet, com estágio de 36 meses em barricas de carvalho francês e estágio de 6 meses em garrafa.

A ordem da prova foi esta e, à medida que avançamos, a complexidade adensa-se, mas a suavidade também. O Pai Chão conquistou-me e do que gostei menos foi do licor, mas confesso que não sou apreciadora do género.

Rui Reguinga, Carlos Rodrigues e Bruno Pinto da Silva são os enólogos responsáveis pela produção destes vinhos.

Acessibilidades

Dentro do edifício, pelo menos por onde andei, é acessível e sem obstáculos. Existe casa de banho adaptada no piso de cima e, claro, elevador.

O estacionamento fica mesmo à entrada da adega e o piso é em pedra, não muito agradável para quem se desloca em cadeira de rodas, mas a distância até à porta é muito curta. À entrada existe um pequeno degrau, que num edifício destes não se justifica. Ficou a minha sugestão para a eliminação deste obstáculo.

SER MAYOR É SONHAR PARA CRIAR NOVOS CAMINHOS COM A CERTEZA DA INCERTEZA.

Site Adega Mayor
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JustGo!!

A Adega Mayor fica na Herdade da Argamassas, em Campo Maior.
Reservas no site: https://www.adegamayor.pt/pt/pt/enoturismo-alentejo

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