A viagem de comboio de Munique até Salzburgo correu de forma tranquila e chegaríamos muito a tempo de aproveitar o dia para explorar a cidade não fossem os imprevistos ou, neste caso, os previsíveis problemas com as acessibilidades e adaptações dos hotéis. Como já expliquei no artigo Munique, Salzburgo e Viena | Alemanha e Áustria, o hotel não tinha quarto adaptado disponível e perdemos duas horas a tratar de arranjar outro e a fazer a mudança.

Bem, mas agora é que não vale a pena perder mais tempo com tristezas, por isso vamos lá que estamos numa das cidades mais bonitas que já visitei. Parece que entrámos num filme de época! Assim tão cenário de filme, acho que só estive em Praga.

A cidade

Podemos dividi-la em cidade velha, ao estilo medieval, e cidade Nova, do século XIX. As duas estão separadas pelo rio Salzach. São ambas muito bonitas, mas claro que a maior beleza e encanto está no centro histórico, na parte velha, onde parece que tudo está como desde o início, o que justifica a classificação como Património Mundial da UNESCO. Vê-se que é uma cidade rica, muito bem conservada e com muito bom gosto.

Entrámos pelos jardins do Palácio Mirabell e ficámos logo rendidos com aquela geometria de cores conseguida pela distribuição das flores. Quer dizer, este jardim já nós conhecíamos. Nós todos, sim! Serviu de cenário à famosa família von Trapp, de Música no Coração, que não acredito que alguém não tenha visto. O enquadramento é lindo, com a catedral e o castelo ao fundo. Ficámos, ainda, com mais vontade de explorar a cidade que tínhamos pela frente.

Andar pelas ruas do centro histórico, que são apenas pedonais, é mesmo o melhor programa. Em termos de acessibilidades, é fácil para quem anda em cadeira de rodas, pois o piso é liso e sem obstáculos, sendo apenas necessária ajuda nalgumas ruas com inclinações mais acentuadas.

O Centro Histórico

Getreidegasse é a rua mais conhecida e a mais movimentada de Salzburgo, não só por ser a rua onde nasceu Mozart, mas por ser um verdadeiro encanto. Acho mesmo que nenhuma descrição nem nenhuma fotografia consegue traduzir aquilo que vi. Só estragou mesmo a quantidade de pessoas que por ali passavam, incluindo nós, claro! Fica aqui a ressalva de que a Casa Museu Mozart não é acessível a cadeira de rodas.

Esta é uma rua de comércio e onde ainda se mantém a tradição de pendurar placas de ferro à porta das lojas, com a indicação do que vendem, e que dão um efeito e enfeito muito bonito. Esta tradição das placas começou na Era Medieval em que as pessoas não sabiam ler e, então, as placas ilustravam com bonecos qual o ramo de negócio que aí se praticava. A curiosidade desta rua está nas passagens para outras ruas, que se fazem por túneis nos prédios, que passam quase despercebidos.

Andar pelas ruas, nesta época de verão, quer dizer que nos vamos cruzar com palcos e com música a toda a hora. É nesta altura que se realiza o famoso Festival de Salzburgo, entre meados de Julho e final de Agosto, por isso são muitos os eventos culturais a acontecer pela cidade e, até mesmo, na rua.

É possível subir e visitar o Castelo de Hohensalzburg, imperdível, nem que seja pela vista deslumbrante, lá de cima. Para isso há que apanhar o funicular que é acessível a cadeira de rodas, apesar de nem todo o Castelo o ser. Aqui, apenas visitei o Museu de marionetes e andei pelo pátio do Castelo, mas há mais áreas com acesso a cadeira de rodas. Podem ver aqui neste link mais informação. Existe casa de banho adaptada.

O segundo dia começou com chuva e o ânimo quase desapareceu quando pensei que não ia conseguir sair. Mas, só me restava aquele dia em Salzburgo, por isso saí por entre os pingos da chuva e enganei o tempo que se foi rendendo e dando umas abertas, ao longo do dia.

Há quem lhe chame a cidade das igrejas, já que são muitas, principalmente na zona velha, mas nem todas são acessíveis. A Catedral é e há que visitá-la. Este é um edifício de estilo barroco, muito bonito tanto por dentro como por fora. São vários os programas e as visitas disponíveis durante o dia, pelo que devemos escolher qual a melhor hora para ir. Mais informações sobre as acessibilidades no site oficial.

Aqui, como em Viena, encontrei espaços na rua transformados em bibliotecas ao ar livre, onde as pessoas descontraem a ler um livro ou, simplesmente, aproveitam quando o sol espreita e socializam umas com as outras.

Para finalizar o nosso dia, percorremos a margem do rio, antes de passarmos para a outra banda. Mesmo com o tempo incerto, como estava, eram muitas as barraquinhas numa espécie de feira onde se vendia de tudo e, como era sábado, todos saíram à rua, turistas e locais.

Gastronomia

Salsichas, panados, pernil de porco, batatas, chucrute …, estas são algumas das comidas típicas da Áustria. Não são aquilo de que mais gosto, mas a confecção era boa. Deixo aqui uma sugestão do restaurante onde fomos provar estas especialidades, o Sternbräu. Este é um dos mais antigos restaurantes da cidade, tem várias salas, umas muito antigas e tradicionais, outras mais modernas. O restaurante é acessível, tem elevador e casa de banho adaptada.

E, agora, vamos falar de bombons! Mozartkugel, o típico bombom de maçapão, nougat e pistacho, coberto com chocolate amargo que se encontra loja sim, loja sim! Existem várias versões, sendo que a original é a de Paul Furst, criada em 1890. Vendem-se por todo o lado e algumas das versões até no supermercado o que pode ser uma boa opção, pois ficam mais baratos. Eu não sou perita em chocolate, nem muito de doces, por isso não vou dar a minha opinião, até porque gostos cada um tem o seu. Há que provar!

As redes sociais têm muitas coisas boas e uma delas é conhecermos pessoas pelo Mundo inteiro, como foi o caso da Teresa Rebelo. A Teresa é portuguesa, vive em Salzburgo, e já nos seguíamos mutuamente e trocávamos mensagens há algum tempo, por isso, assim que percebeu que eu estava por aquelas bandas, quis marcar um encontro a que acedi com muito gosto. Foi breve, mas muito bom e, além de nos conhecermos pessoalmente, recebemos, ainda, algumas dicas sobre o que visitar. Deixo o link para a sua conta com muitas dicas por estes lados e não só.

Dois dias chegam para descobrir a cidade, pelo que esta é uma passagem que se pode fazer entre cidades como, neste caso, entre Munique e Viena.

JustGo!!

Ano da Viagem: 2022

Links úteis:
Salzburgo sem barreiras – Site com muita informação sobre as acessibilidades de Salzburgo

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