Já há alguns anos que eu e o F. falávamos na volta ao mundo, mas era sempre um pouco em tom de brincadeira (eu nem tanto, sempre quis fazê-lo). Trabalhávamos os dois e financeiramente não nos era possível deixar os empregos para o fazer. Por mim, teria posto a hipótese de uma licença sem vencimento, que acabei por colocar, mas o F. nunca pensou em fazê-lo.
E, se só tens limões faz uma limonada, tomámos, então, a decisão de fazer uma circum-navegação durante 40 dias.

Claro que tem muitas desvantagens, pois uma viagem destas em tão pouco tempo não permite conhecer muitos locais e é tudo um pouco a correr, além de se tornar muito mais cara. Mas, por outro lado, é o concretizar de um sonho e ficar a conhecer locais tão longínquos onde não iria mais do que uma vez.

Para mim, fazer grandes viagens de avião é um tormento e tudo começou com a ideia de ir à Austrália, mas … porque não aproveitamos e vamos até à Nova Zelândia? Bem, a Polinésia Francesa está mesmo ali ao lado e quem não tem o sonho de ir até ao paraíso? A partir daqui, já não vale a pena voltar para trás, pelo que … já agora damos a volta! E assim foi.

São Francisco

A primeira coisa foi estudar os voos e qual a melhor forma de aproveitar ao máximo cada destino minimizando o mais possível os gastos. Este é um exercício que requer alguma perícia e dedicação. Não conseguimos todas as ligações que queríamos pelo que tivemos que fazer várias alterações até chegarmos ao roteiro final.

Sendo assim, o resultado a que chegámos não foi a nossa primeira opção, mas foi a melhor em termos de custos e tempo.

Como já tinha referido, o roteiro foi: Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia Francesa e EUA. Para lá, fizemos escala no Dubai e para cá em Toronto, isto porque não gosto de fazer viagens que durem mais do que 8 horas.

Roteiro inicial:

  • Malásia: visitar Kuala Lumpur.
  • Austrália: visitar Sydney e Brisbane e fazer uma road trip entre estas duas cidades, passando por Blue Mountains, Hunter Valley, Port Macquaire, Byron Bay e Gold Coast.
  • Nova Zelândia: começar em Queenstown e fazer uma road trip até Christchurch e daí voar até Auckland.
  • Polinésia Francesa: ficar uma noite no Tahiti porque chegamos de madrugada e, no dia seguinte, apanhar o ferry até Moorea.
  • EUA: visitar Los Angeles e fazer uma road trip até São Francisco.
Queenstown
Queenstown
Gold Coast

Claro que aparecem sempre condicionantes que vão mudando o rumo das coisas e, consequentemente, os planos têm que se ir ajustando.
Foi o que aconteceu em Sydney. Percebemos que ia chover muito no dia em que íamos para a zona das montanhas e desistimos. Foi a opção certa, pois choveu mesmo muito e seria a primeira vez que o F. ia conduzir à direita, pelo que ainda bem que não arriscámos. Assim, comprámos voo, à última da hora, e partimos dois dias depois para Brisbane.
Foi com muita pena que deixámos cair as Blue Mountains, Hunter Valley e Port Macquaire, mas viajar é mesmo isto. É impossível controlar e planear tudo ao pormenor com tanta antecedência.

Na Polinésia Francesa, acabámos por ficar duas noites no Tahiti porque calculámos mal o tempo ao não nos lembrarmos que, com a mudança do fuso horário, ficaríamos com mais um dia.

Voltámos a fazer alterações nos EUA. Depois de tantos dias de viagem optámos por alterar os planos, pois o cansaço já estava a acusar e fizemos as coisas com mais calma. Mais uma vez, com muita pena, abdicámos de ir ao parque natural de Yosemit, como planeado de início. Teríamos que fazer alguns malabarismos para que não calhasse ao fim de semana, em que há muita confusão, e ia condicionar toda a viagem, além de que ficaríamos com pouco tempo para São Francisco.

Tirando estes pequenos ajustes tudo o resto correu como planeado.

Se valeu a pena dar uma volta ao mundo em 40 dias? Valeu tudo a pena!

Não se trata apenas de uma viagem, mas de um desafio e de uma prova de resistência, que nos faz descobrir mais sobre nós próprios, individualmente, mas também em termos de casal, já que passámos 40 dias inteiros um com o outro fora da nossa zona de conforto e das nossas rotinas habituais.

Enquanto pessoa com deficiência, em cadeira de rodas, foi também um desafio em termos físicos, pois o ritmo foi um pouco acelerado. Depois de Kuala Lumpur e de Sydney, cheguei a Brisbane muito cansada e, talvez, um pouco desidratada o que, creio, teve a ver com o calor de Kuala Lumpur. Aqui abrandámos um pouco e recuperei.

Ao programar a viagem tivemos também em conta intervalar períodos de maior agitação com períodos mais relaxados e descansados. Foi o que aconteceu na Nova Zelândia, já que fazer uma road trip e andar de carro é bem diferente do que visitar cidades em que queremos ver tudo e percorremos ruas de manhã à noite.

As diferenças horárias não nos afetaram muito. Fomo-nos adaptando, acertando e aceitando a hora assim que mudávamos de local. Púnhamos o despertador e levantávamo-nos todos os dias, mais ou menos, à mesma hora, onde quer que estivéssemos. Claro que também não éramos muito rígidos e se nos apetecia ficar mais, ficávamos, mas de um modo geral era isso que fazíamos. À noite deitávamo-nos muito cedo e era assim que recuperávamos.

Apanhámos calor, frio, chuva, tempo ameno, praia, campo, cidade, andámos de comboio, metro, barco, autocarro, carro e avião. Ficámos em hotéis razoáveis, uns melhores do que outros, mas suficientemente bons para aquilo que pretendíamos. Andámos, essencialmente, por locais acessíveis e os hotéis estavam bem adaptados, tirando apenas um, em Papeete.

Moorea

Houve momentos altos e momentos menos altos, mas, no geral, foi uma experiência incrível e o resultado foi positivo. Se voltava a fazer o mesmo? Nos mesmo moldes não, mas, apenas, porque já o fiz.

JustGo!!

Mais detalhes sobre organização de viagens no artigo: Como organizar uma grande viagem.

Ano da viagem: 2024

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