Porque a nossa viagem começa no dia em que nascemos JustGo With vem dar a conhecer vidas e mostrar que todos somos diferentes no caminho que tomamos, nos tropeços que encontramos e no amor que damos.
Viajantes desta vida,
que nem sempre é em linha recta, que para uns é mais direita do que para outros, mas que todos a fazemos o melhor que conseguimos.
Quais são os teus tropeços?


JustGo With … Rita Bulhosa

De sorriso fácil e contagiante, é normalmente assim que nos entra pelo ecrã, através do seu blog Aos Olhos da Rita.
A Rita refugia-se na escrita e quem ganha somos nós, pois é uma delicia ler tudo o que escreve. Já publicou um livro e está a muito pouco de concretizar o seu sonho de ser jornalista.
Nada a pára, nem a paralisia cerebral com que nasceu e que lhe reserva uma vida com alguns dissabores, principalmente de dores, e assim que pode lá vai ela aproveitar o que a vida lhe traz de bom
.


Viajar abre muitos horizontes e acima de tudo faz com que a nossa perspetiva de vida mude completamente.


NOME / IDADE / PROFISSÃO / HOBBIES / PAIXÕES /CURIOSIDADE
Sou a Rita Bulhosa tenho 21 anos e sou autora do livro e projeto “Aos Olhos da Rita”. Sou finalista da licenciatura de ciências da comunicação e espero em breve trabalhar como jornalista.
Independentemente de tudo, a escrita é o que me move e considero-me uma eterna contadora de histórias.

QUAIS SÃO OS TEUS TROPEÇOS?
Tenho paralisia cerebral adquirida no parto. A falta de oxigénio fez com que ficasse com algumas lesões que me condicionam o andar e os movimentos em geral. Ainda assim, essa minha falta de mobilidade nunca foi impedimento para nada na minha vida.

COSTUMAS VIAJAR? EM TRABALHO OU LAZER?
Em lazer, porque ainda sou estudante.

O QUE DIZEM AS VIAGENS DE TI? QUE TIPO DE VIAJANTE ÉS?
Sou o tipo de pessoa que não gosto de ter nada planeado. Chegar ao destino descontraída e ver o que tem para me oferecer, sem grande planeamento. Como nunca viajo sozinha, acaba por ser possível essa falta de planeamento.

O QUE SIGNIFICA VIAJAR PARA TI?
Viajar abre muitos horizontes e acima de tudo faz com que a nossa perspetiva de vida mude completamente. Temos mundo e a capacidade de nos colocar no lugar do outro, porque já “espreitamos” outra realidade que não a nossa.
A vigem mais transformadora para mim foi quando fui a Roma ver o Papa, literalmente. Confesso que não sou católica praticante, mas tenho a minha fé, que independentemente de ser praticada ou não da forma convencional, está sempre lá…Sempre senti uma enorme empatia com o Papa Francisco, e ter o privilégio de estar com ele frente a frente, uns segundos, foi algo de transcendente. Na verdade, foi a única pessoa com quem me cruzei na vida que me deixou sem fala (risos).

O MELHOR DA VIAGEM?
Partilhar tempo de qualidade com que mais gosto. Viajo muito pelo nosso país fora, com os meus pais, e adoro.

AVIÃO, COMBOIO, CARRO, BICICLETA OU A PÉ?
Como a pé fica difícil (risos) carro, e se for fora do país, avião.

PREFERES VIAJAR SOZINHA OU ACOMPANHADA?
Até agora sempre viajei acompanhada e não me vejo de outra forma a curto prazo. E até nem acho que isso tenha a ver com o facto de ter limitações, mas sim com a minha personalidade. Faz-me muito sentido partilhar as minhas conquistas e bons momentos com os outros.
Agora, talvez no futuro essa realidade me faça sentido. Tudo no seu tempo.

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TENS ALGUM HANDICAP QUE CONDICIONE A TUA FORMA DE VIAJAR?
Tenho paralisia cerebral. Embora caminhe pequenas distâncias com o auxílio do meu andarilho, quando viajo a minha companheira de viagem é a minha cadeira de rodas.

PODES EXPLICAR UM MAIS UM POUCO? O QUE IMPLICA NO TEU CASO?
Implica que o sítio para onde vou tenha que ser acessível a uma cadeira de rodas e no caso de viagens de avião, peço sempre a assistência em viagem disponível nos aeroportos e respetivas companhias aéreas.

CONDICIONA A FORMA COMO VIAJAS?
Por vezes sim, sem dúvida, mas o facto de viajar sempre acompanhada e também de conseguir dar passos agarrada às canadianas e a um corrimão ou aos braços de alguém (risos) ajuda-me a contornar um pouco esta questão. Ainda assim há sempre sítios impossíveis de chegar e que em termos arquitetónicos não têm lógica absolutamente nenhuma.

COMO O CONTORNAS EM VIAGEM?
Com ajuda dos familiares e amigos que tenho a sorte de ter por perto.

LIMITA A ESCOLHA DO DESTINO?
Tento certificar-me antecipadamente que esse dado sítio onde vou tem minimamente acessibilidades. Na verdade, aqui em Portugal as acessibilidades não são 100% garantidas, mas se formos com tudo planeado e conversado até com o local onde vamos ficar hospedados, acaba por correr tudo bem.

ALGUMA SITUAÇÃO DE AFLIÇÃO DEVIDO À TUA CONDIÇÃO OU UMA SITUAÇÃO ENGRAÇADA QUE POSSAS CONTAR?
Não foi bem uma viagem, mas na minha noite académica de serenata (a primeira em que trajei) o meu irmão mais velho decidiu estar lá naquele dia importante, trajado também, e como estava muita gente, teve de pegar em mim ao colo (ambos trajados) e numa escada rolante porque a minha cadeira de rodas não passava no meio da multidão. Tudo isto para ir para junto da minha família de praxe, que a dada altura estava em pânico por achar que me tinham perdido (risos).

MESMO ASSIM VALE A PENA VIAJAR?
Tudo vale a pena nesta vida. Aliás a vida são dois dias, porque não aproveitar ao máximo. Independente das nossas condicionantes, é tão gratificante e único conhecer o mundo que tudo vale a pena. Ainda voltando à praxe, tenho o nome “roda no ar”( que adoro), isso quer dizer algo, certo? Para a frente é o caminho.

DÁS ALGUMA SUGESTÃO/DICA A OUTROS VIAJANTES?
Levar sempre o atestado de incapacidade consigo (caso seja uma viagem internacional), avisar os hotéis em questão que o quarto tem de ser acessível e tentar ver se os sítios que vamos visitar também o são e se eventualmente tem algum benefício para pessoas com mobilidade reduzida. Eu, por exemplo, quando fui ao parque de diversões Warner, em Madrid, tinha um guia específico do parque, com os sítios acessíveis e as diversões que poderia frequentar, e atendimento prioritário em todos os sítios.
No ensino Secundário fui a diversas regiões de Espanha com a minha turma, ia sempre uma funcionária da escola a acompanhar-me e fazia sempre tudo em conjunto com a minha turma.
Obviamente que previamente os professores tiveram de planear todos os sítios acessíveis e não acessíveis, mas correu sempre tudo bastante bem, é um pais nosso vizinho que aconselho sempre a visitar pois é bastante acessível e tem, na minha perspetiva, bastante sensibilidade para estas questões. Pelo menos das cidades que visitei a experiência foi boa.

QUERES PARTILHAR UMA VIAGEM/AVENTURA QUE TENHAS FEITO E GOSTADO MUITO? A VIAGEM
QUE MAIS GOSTASTE? ONDE FOI, O QUE FIZESTE, PORQUE GOSTASTE TANTO?

A vigem mais transformadora para mim foi quando fui a Roma, ao vaticano ver o Papa literalmente. Confesso que não sou católica praticante, mas tenho a minha fé que independentemente de ser praticada ou não da forma convencional está sempre lá…Sempre senti uma enorme empatia com o Papa Francisco, e ter o privilégio de estar com ele frente a frente, uns segundos, foi algo de transcendente. Na verdade, foi a única pessoa com que me cruzei na vida que me deixou sem fala (risos).

SE SÓ PUDESSES ESCOLHER UM DESTINO PARA VIAJAR PARA SEMPRE, QUAL SERIA? JÁ LÁ
ESTIVESTE? DESCREVE ESSE DESTINO E PORQUÊ A ESCOLHA?

Gostava muito de voltar a Annecy, pois era muito pequena quando estive lá e não me lembro de nada, e a cidade é linda. A Roma para que pudesse conhecer melhor a cidade, porque a última vez que fui foi quase exclusivamente para ver o papa. Também queria regressar à Disneyland, em Paris, porque apesar de ter ido lá duas vezes é um sítio mágico e que nos remete sempre com uma certa nostalgia para a infância.

QUAL A TUA VIAGEM DE SONHO? JÁ A FIZESTE? SE SIM, CORRESPONDEU ÀS EXPECTATIVAS?
Quero muito conhecer Londres e Filadélfia. Era para ter ido numa viagem de faculdade conhecer estas duas cidades, mas, entretanto, como entramos em pandemia, não foi de todo possível, por isso espero num futuro mais breve possível concretizar essa viagem de sonho.

O QUE TE DÃO AS VIAGENS?
Eu sou o tipo de pessoa que gosta de estar em constante descoberta de tudo e mais alguma coisa. As viagens dão-me exatamente essa oportunidade de descobrir o mundo e sair sempre da minha zona de conforto.

DEFINE VIAGEM NUMA PALAVRA
Aventura.


RITA BULHOSA

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