O desejo de visitar Istambul já era antigo, não só pelos relatos de outras pessoas que visitaram e adoraram, mas pela história que envolve esta cidade e que a torna única.

Istambul foi capital de vários impérios, ao longo de anos: os impérios Romano, Bizantino e Otomano, tendo, por isso, sofrido várias influências, quer cristãs quer muçulmanas, o que lhe confere grandes contrastes, quer a nível social, religioso e arquitetónico. Se juntarmos o facto de ser a única cidade do mundo que se situa em dois continentes, Asiático e Europeu, ainda aumenta o seu encanto e a nossa curiosidade. Tudo isto lhe dá muita riqueza e beleza e é uma cidade que não se esgota numa só visita.

Chegámos ao aeroporto Internacional de Istambul e não tivemos que esperar muito pela assistência para sair do avião. Juntámo-nos ao grupo que viajava connosco, no meeting point que tinha sido combinado, e fomos apanhar um táxi para o hotel. Aqui, começou a cumplicidade do grupo que não se conhecia. Esta viagem foi feita, em grupo, com a agência levarTravel e foi a minha primeira experiência de viagem com líder. Explico tudo no artigo Viajar em grupo com a levarTravel.

Optámos por uma carrinha, já que éramos muitos e assim ficaria mais em conta. Antes de seguirmos viagem, regateámos o preço com o motorista. Existem duas opções: ou deixamos o taxímetro correr, e aí corremos o risco de darmos mais umas voltinhas desnecessárias, ou chegamos a acordo com um preço fixo antes de seguir viagem. Quanto a mim, esta é a melhor opção. Para subir para a carrinha teve que ser com ajuda do F.. Claro que poderia ter ido de carro e aí, conseguiria entrar sozinha.

O hotel foi uma boa surpresa porque, como sabem quem me segue, é sempre uma incógnita se o quarto vai estar bem adaptado ou não, e este estava muito bom.

Gastronomia | Turquia

Jantámos perto do hotel e começámos a entrar na cultura turca pela gastronomia.

Testi Kebab (carne guisada), Gözleme (panqueca recheada), Kumpir (batata recheada), Baclava (bolo folhado), lokum (doces tradicionais), Ayran (bebida de iogurte), Raki (Anis Turco) e chá de maçã, são alguns dos sabores tradicionais que provei. Não adorei todos, principalmente os doces, que são demasiado doces para mim!

Claro que não podia deixar de experimentar o café turco e a shisha e fiquei rendida aos dois! Só tive pena de não me terem lido a sina a partir da borra do café!

Mesquita de Nuruosmaniye

Istambul é a cidade das sete colinas e, de qualquer uma delas consegue-se apreciar uma vista magnífica da cidade. Aquilo que mais sobressai, no horizonte, são as centenas de minaretes das mesquitas. Para onde quer que nos viremos, elas estão lá.

Podemos dividir a nossa visita em três zonas: do lado europeu, Faith na parte velha, Karakoy e Ortakoy e Beyoglu na parte nova e, no lado asiático da cidade, Kadikoy, Moda e Ferah.

Faith (Europa) | Istambul

Para começar a visita à cidade, fomos até à Praça Sultanahmet onde está o antigo hipódromo e, muito perto, ficam as mais famosas e antigas mesquitas de Istambul, a Mesquita Azul e a Mesquita Santa Sofia.

Visitar Istambul significa que vamos visitar várias mesquitas. Além de serem um local de culto, são também grandes obras de arquitectura e, fora das horas de oração, estão abertas para visita. Para entrar nas mesquitas há que respeitar as regras e uma delas é que todas as pessoas têm que se descalçar. Claro que quem está em cadeira de rodas não precisa de o fazer, mas tem que proteger as rodas ou, então, passar para uma cadeira que nos fornecem.
Em relação à roupa, os homens não podem entrar de calções e as mulheres têm, também, que tapar a cabeça e os ombros. O melhor é sair para a rua sempre com um lenço uma vez que existem cerca de três mil mesquitas em Istambul, pelo que vamos, com certeza, acabar por entrar todos os dias numa delas.

Nas Mesquitas Azul e Santa Sofia colocaram um adesivo à volta dos pneus e, assim, pude entrar com a minha cadeira, o que foi muito mais simpático, pois passar para outra cadeira é sempre muito incómodo mesmo que seja por breves instantes.

A Mesquita Azul estava em obras, precisamente na zona da rampa, o que obrigou a que tivessem que me subir pelas escadas. Infelizmente, não deu para ver quase nada, o que foi uma pena já que sei que é lindíssima.
Para compensar, deu para ver bem a Mesquita de Santa Sofia que é mesmo muito bonita. A Mesquita de Santa Sofia foi, originalmente, uma catedral que depois, com o império Otomano, foi transformada em Mesquita. Mais tarde, em 1935, passou a ser um museu e, recentemente, em 2020, foi convertida em Mesquita novamente. Aqui existe um degrau para entrar na sala (não encontrei nenhuma rampa).

Uma dica: se colocarem adesivo nos pneus, numa destas duas mesquitas, é de aproveitar e deixem ficar que vai servir para a outra, pois estão muito próximas. Pelo menos, comigo foi assim.

Mesquita Santa Sofia
Mesquita Suleymaniye

Visitámos, também, a Mesquita Suleymaniye, ou melhor, visitaram, já que eu não quis entrar. Teria que colocar adesivos ou mudar de cadeira e não quis fazê-lo. Esta é uma das principais mesquitas de Istambul e isso vê-se pelo número de minaretes que as mesquitas têm. Não foi fácil lá chegar, pois fica numa das colinas da cidade e, só mesmo com ajuda, nas ruas mais inclinadas, é que foi possível. Mas, garanto-vos, que vale muito a pena nem que seja pela vista lá de cima.

Em todas elas houve sempre pelo menos um degrau para conseguir entrar. Creio que nada em Istambul é totalmente acessível pois existe sempre um obstáculo, nem que seja uma rampa muito inclinada.

Infelizmente, não consegui visitar o Grande Bazar, mas para compensar fui ao Bazar das Especiarias, ou Bazar Egípcio. Que cores, que cheiros, que sabores! Aqui, pode-se provar e comprar os lokum, os doces típicos da Turquia, mas atenção, como é um local muito turístico, os preços são mais altos.

Contrariando o que disse antes, para entrar no Bazar das Especiarias existe uma entrada com rampa pelo que é fácil entrar.

justgo-istambul
Rua à volta do Grande Bazar

Balat e Fener são bairros antigos, com história, mas com um toque de modernidade nos cafés e restaurantes, onde podemos descontrair e apreciar o movimento local. São zonas menos turísticas, muito características e destacam-se pelas suas casas coloridas. As ruas são estreitas, com alguma inclinação e de piso irregular, pelo que é preciso ir a contar com isso. Mas não deixem de ir! Até lá fomos de autocarro público que, pelo que consegui perceber, são todos acessíveis. Andei em vários sem qualquer problema.

Existem em Istambul muitas cisternas subterrâneas, que armazenavam e forneciam água à cidade, sendo a maior e mais famosa a Cisterna Basílica que, infelizmente, estava fechada para obras. Visitámos, então, a Cisterna Şerefiye, ou Cisterna de Teodósio, que é muito mais pequena, mas que nos deu uma ideia de como são. Tem elevador para descer, mas… para chegar ao elevador há que descer degraus, o que é sempre muito agradável para quem anda em cadeira de rodas!! Não deixei de ir, pois o grupo maravilhoso, com quem estava, não me deixou nunca de fora por causa de meia dúzia de degraus, mas, efectivamente, não é acessível. Não sei se a outra está acessível, uma vez que é a principal, mas, se não está, tenho a esperança que com as obras o fique!

Quem não tem no seu imaginário o Expresso do Oriente? Há que dar um pulinho à Estação Sirkeci, onde terminava a idílica viagem Paris-Istambul, que já todos fizemos tantas vezes em filme, e recriá-la com a nossa imaginação.

Cisterna Şerefiye
Estação Sirkeci

Karakoy e Ortakoy e Beyoglu (Europa) | Istambul

Chegámos a Ortakoy de barco, vindos da parte asiática da cidade. Era hora de almoço e a fome já despertava para as famosas Kumpir, as batatas assadas, recheadas com tudo. É só escolher os ingredientes e o molho que queremos! Há barracas de batatas por todas as ruas e praças da zona.

Daqui, seguimos a pé por um longo caminho, passando por vários pontos como o Palácio de Çıragan, o Museu Palácio Dolmabahçe, o estádio do Besiktas, até apanharmos o funicular, na estação Kabatas, que nos levou até à Praça Taksim, em Beyoglu. Esta é uma das principais Praças de Istambul, rodeada de ruas com comércio, símbolo de modernidade e progresso.

Uma delas é rua pedestre, Istiklal Caddesi, a rua mais movimentada de Istambul, onde se pode encontrar um pouco de tudo. Aqui, a multidão é garantida o que, a mim, só me deu vontade de fugir.

Chegámos ao melhor spot para se ter uma vista 360º da cidade que é do cimo da Torre Gálata, mas, infelizmente, para quem está em cadeira de rodas não serve. Eu fui, e, para entrar, tiveram que me subir uma escadaria enorme, sabendo que lá dentro havia elevador para subir ao último piso. O que não disseram é que, para conseguir sair à varanda, ainda existe mais uma escadaria muito estreita que se torna impossível. No 6º piso, até onde fui, não se consegue ver nada de jeito pois as janelas são pequenas e a grossura das paredes é enorme, aliás, esta é uma das características da torre. No 5º piso acho que já dá para ver melhor, no entanto o elevador apenas pára no 6º andar!?

Um dos pontos característicos da cidade é a Ponte Gálata, no estreito do Corno de Ouro, que liga os dois lados europeus da cidade, a parte velha e a nova. Por baixo, está repleta de restaurantes onde se pode comer maioritariamente peixe, sendo a especialidade as sandes de peixe, Balik Ekmek. Não provei pois, sinceramente, não me atraiu e eu adoro peixe, mas é no prato! Vale a pena atravessar a ponte a pé e ver o movimento.

Barracas das Batatas Kumpir
Vista para a Mesquita Camlica

Kadikoy, Moda e Ferah (Ásia) | Istambul

O Estreito do Bósforo separa os dois continentes e divide a parte asiática da europeia. Passámos mais do que uma vez de um lado para o outro de barco, que também estão acessíveis com rampas, por vezes, um pouco inclinadas, mas com ajuda não ficamos em terra!

Fomos de autocarro até à Mesquita Camlica, em Ferah. Neste momento, esta é a mais recente e a maior Mesquita de Istambul, inaugurada em 2019. Para a poder visitar, tive que passar para uma cadeira deles o que, para mim, foi muito desagradável. Este é o novo símbolo da cidade e fica numa das colinas, no lado oriental, podendo ser vista de quase todos os pontos da cidade. Daqui, consegue-se uma vista deslumbrante da cidade. Ocupa uma área total de 15 mil metros quadrados e tem uma capacidade que permite ter 63 mil pessoas a rezarem ao mesmo tempo. É, realmente, uma obra imponente, mas para mim as outras têm mais carisma. Existe casa de banho adaptada.

Vale a pena explorar um pouco os bairros de Kadikoy e Moda, que se tornaram populares nos últimos anos. São zonas mais alternativas com ruas de grande agitação, repletas de restaurantes, cafés e lojas vintage, por onde se pode passear, apreciar e aproveitar para comer.

Mesquita Camlica

Curiosidades | Istambul

Sabia que as tulipas são originárias da Turquia? Eu não sabia. Todos os anos em Abril ou Maio, dependendo do clima, os parques da cidade enchem-se de tapetes coloridos, com milhões de tulipas, e há mesmo um Festival Anual de Tulipas de Istambul. Como fomos no final de Abril, ainda apanhámos um pouco deste espetáculo. No entanto, não tão agradável foi a visita que fizemos ao Parque Gulhane em que as pessoas não só apanhavam as flores, como as pisavam e ainda se deitavam em cima delas só para tirar uma selfie.

Acessibilidades | Istambul

As acessibilidades em Istambul não são as melhores. Pelo menos na parte mais antiga é uma cidade com muitos obstáculos: alguns passeios sem estarem rebaixados, piso irregular, terreno inclinado, rampas íngremes e escadas, pelo que, pelo menos eu, acabei por precisar de ajuda várias vezes.

Como já referi, os transportes públicos como autocarros, eléctrico e metro e funicular são acessíveis a pessoas em cadeira de rodas.

A maior parte das casas de banho que utilizei, inclusive as do aeroporto, estavam muito limpas.

Hotel | Istambul

O hotel foi uma boa surpresa, pois era muito bom em termos de adaptações. O Erboy Hotel está bem localizado, encontrava-se limpo e muito cómodo. É uma boa opção. Deixo aqui algumas fotos que valem mais do que palavras.

Embaixadora da levarTravel

Esta viagem foi efectuada como embaixadora da agência levarTravel.
Um dos objectivos da agência é tornar a suas viagens inclusivas e poder receber todas as pessoas nos seus grupos.

JustGo!!

Ano da Viagem: 2022

Links úteis:
Istanbeautiful Site com muita informação sobre as acessibilidades de istambul.
A página Sage Traveling sempre com muitas dicas de viagem.
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