Foi em 1990 que Dmitri Vrubel pintou o famoso beijo entre Brejnev e Honecker no muro de Berlim. É o ponto mais concorrido de East Side Gallery, uma galeria de arte a céu aberto, com mais de 1 quilómetro com o que resta do muro, com pinturas de vários artistas de todo o mundo.

“Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal” foi o título que Dmitri deu à sua pintura, baseada numa fotografia. Quando a pintou, tentou expressar uma situação pessoal e não retratar acontecimentos políticos, como veio a acontecer. “O beijo fraterno” foi como a imprensa o baptizou e veio a tornar-se num símbolo da queda da Cortina de Ferro.

Berlim é uma cidade cheia de vestígios históricos por onde quer que andemos.

O regime Nazi, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria marcaram profundamente o Século XX, em Berlim. São vários os símbolos e memoriais, espalhados pela cidade e dedicados a estes acontecimentos.

Um dos símbolos da destruição da Segunda Grande Guerra é a torre que restou da Igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche não tendo sido restaurada propositadamente, de modo a tornar-se um ponto de recordação do que aconteceu. Em vez da reconstrução da antiga igreja foi erguida uma nova e moderna, ao lado, sendo muito interessante ver o contraste entre as duas. Já estava fechada quando chegámos mas é possível visitá-la pois está adaptada, como se pode confirmar no site da Igreja.

Muito próximo, podemos fazer umas compras na Avenida Kurfürstendamm, ou Kudamm, uma das avenidas mais conhecidas  estando repleta de lojas, centros comerciais, restaurantes, hotéis e muito mais.

Recomendo vivamente ,uma visita ao Reichstag, o edifício onde se encontra o parlamento, Bundestag, que está perfeitamente acessível. O imponente edifício, de 1894, sofreu um grande incêndio que o destruiu, quase na totalidade, pouco depois de Hitler assumir a liderança, agravando-se o seu estado, ainda mais, durante a guerra. A partir de 1970 começou a ser reconstruído, em várias fases, o que terminou não há muito tempo. Visitámos, apenas, a cúpula de vidro, no topo do edifício, mesmo por cima da sala do plenário  que é rodeada por uma rampa, que podemos subir e que nos dá uma visão, deslumbrante, de 360º, da cidade.

A visita não se paga mas é necessário  fazer reserva de dia e hora, o que fizemos com antecedência através do site. Consulte aqui a informação para pessoas com mobilidade reduzida.

O Bundestag fica a dois passos da Porta de Brandenburg, mais um ponto de passagem obrigatória e símbolo da unificação alemã desde a queda do muro, que vai dar a Pariser Platz, um dos quarteirões mais atractivos de Berlim.

O memorial do Holocausto, ou Memorial dos Judeus Mortos, foram mais de 6 milhões, consiste numa área de 19.000 metros quadrados, com 2.711 blocos de cimento com diferentes alturas, num terreno desnivelado. Estão distribuídos em fileiras paralelas por onde as pessoas podem andar, existindo no solo algumas indicações de quais as mais adequadas para quem se desloca em cadeira de rodas.

No piso subterrâneo, está o centro de informação sobre a perseguição e exterminação dos judeus, com acesso por elevador. Logo à entrada, deparamo-nos com a frase de Primo Levi, “It happened, therefore, it can happen again (…)”, que nos deixa a pensar! É um momento com uma grande carga emocional pois tomamos contacto com o que foi passar por este terror.

Uma das fronteiras entre a Alemanha Ocidental e Oriental, durante a guerra fria, era o Checkpoint Charlie. Tornou-se uma passagem obrigatória para quem visita Berlim. Aqui, encontra-se uma réplica da cabine onde ficava o guarda, a original está no Museu dos Aliados. Mesmo ao lado, fica o Museu Checkpoint Charlie onde se encontram documentadas as tentativas de fuga, para o lado ocidental, durante essa época. O nome Charlie refere a terceira letra (C) do alfabético fonético da OTAN.

O Museu da Topografia do Horror fica no local onde se localizavam os edifícios das SS e da Gestapo, que acabaram por ser destruídos durante a guerra. Trata-se de mais um museu a céu aberto onde passava o muro de Berlim  mantendo-se uma parte intacta até hoje e onde se encontra a exposição “Berlim 1933–1945. Entre Propaganda e Terror” que consiste numa cronologia sobre o regime nazi, desde a sua ascensão até à sua derrota, realizada com documentos, fotos e artigos de jornais, testemunhos da época, descobertos nas escavações feitas aos porões do que restou dos edifícios.

Muito perto, fica uma das praças mais importantes de Berlim, Postdamer Platz. Já o era antes da guerra mas foi praticamente toda destruída nessa ocasião, tendo sido depois reconstruída. Hoje em dia, é uma das zonas mais modernas da cidade. Aqui, podemos ver o primeiro semáforo da Europa no meio das largas avenidas, rodeadas de altos prédios e se olharmos para o chão podemos ver assinalado o percurso do muro  que aqui passava.

Mesmo no centro de Berlim, no Rio Spreeb, fica a Ilha dos Museus, Património da Humanidade desde 1999. São vários museus, alguns dos mais importantes da Europa, para os quais é necessário dedicar mais do que um dia. Por esse facto, ficámo-nos apenas pela lindíssima Catedral, a maior Igreja protestante de Berlim.  Apesar de ter sido praticamente toda reconstruída após a destruição na Segunda Grande Guerra e de ter perdido alguns dos traços originais, vale a pena uma visita.

Antes de chegar à Ilha dos Museus passamos pela praça Bebelplatz onde, se olhar para o chão, pode ler a frase de Heinrich Heine: “That was but a prelude; where they burn books, they will ultimately burn people as well”. Foi aqui que, em 1933, os nazis fizeram a fogueira onde foram queimados os livros de alguns autores críticos do regime. A praça está rodeada de magníficos prédios como a Ópera de Berlim, a Universidade Humboldt ou a Catedral de St. Hedwigs.

Para descontrair, o melhor é ir até à zona de Mitte onde fica o Hackescher Markt,  um local muito agradável para passar um bom momento.  A praça, junto à antiga estação de metro, estava cheia de gente, ouvia-se música ao vivo e tinha um ambiente muito alegre pelo que aproveitámos e parámos  para jantar numa das muitas esplanadas que aí se encontram.

Junto, fica o Hackesche Höfe, um complexo de 8 pátios, em estilo Art Nouveau, todos ligados entre si com  um efeito giríssimo e um ambiente muito acolhedor. Foi uma zona muito afectada na altura da guerra mas foi recuperada, estando agora cuidada, e onde se encontram restaurantes, lojas, galerias, teatros e cinemas. A maioria das lojas tem um ou dois degraus para entrar mas vale o passeio. Como são prédios residenciais, de noite os pátios são fechados para que, quem lá mora, não seja incomodado.

Nesta zona, outrora ocupada maioritariamente por Judeus, encontramos muitas pedras da calçada em latão. Citando Talmud com o lema “uma pessoa só é esquecida quando seu nome é esquecido”, Gunter Demnig recorda as vítimas do regime, colocando placas de latão na calçada, em frente à última morada da pessoa, com o seu nome. Olhando para o chão, vamos encontrando as Stolperstein, as Pedras do Tropeço, espalhadas pelas ruas da cidade o que não acontece só em Berlim pois estende-se por toda a Alemanha e por outros países vítimas do Holocausto.

De caminho, e para continuar no bom ambiente, fomos até ao James Simon Park, na margem do rio Spreeb, com vista para a Ilha dos Museus. Tivemos muita sorte e apanhámos bom tempo o que nos deu uma perspectiva da cidade cheia de vida com o jardim cheio de pessoas, onde nos juntámos, num ambiente muito descontraído e caloroso, a ouvir artistas de rua e a beber cerveja, ou não estivéssemos nós na terra dela.

Por falar em cerveja, claro que não pudemos deixar de provar as típicas  salsichas, entre elas as famosas do Curry 61, um balcão de rua onde se compram as Currywurst e se vão comendo pela rua. Não sou muito apreciadora de salsichas mas até foi um bom petisco. O molho que as acompanha é à base de ketchup e caril, muito bom!

Seguindo, vamos chegar a Alexanderplatz, uma das mais conhecidas praças de Berlim. O terminal e transportes públicos e os turistas que por aí passam fazem com que seja uma das mais movimentadas da cidade. São vários os pontos de interesse como o Relógio  Mundial, a Fonte da Amizade Entro os Povos e a altíssima torre da Televisão de Berlim.

E o que são os tubos azuis que se espalham por algumas zonas da cidade? Fica aqui o desafio…

Repetindo o que disse no artigo Bs später Berlin, voltava já hoje, outra vez, e sozinha se fosse preciso. O facto de estar a visitar um local com acessibilidades garantidas, por quase todo o lado, fez com que tivesse andado muito descontraída, o que nem sempre acontece em viagem.

Ficou tanto por ver, visitar e sentir que terei que voltar, espero que em breve. Bis später Berlin!

JustGo!!

Ano da viagem: 2018

Consulte o site do Visit Berlim com informação para pessoas com mobilidade reduzida.

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