De regresso a Milão!

Tinha lá estado há uns anos, apenas por umas horas. Voltei, agora, por uns dias, para conhecer melhor uma das capitais mundiais da moda e do design.

Aí percorri  o Quadrilátero da Moda, um quarteirão onde se encontram as lojas das marcas de luxo mais conhecidas, onde as montras são uma perdição de bom gosto, criatividade e beleza, transmitindo algumas mensagens de valores intemporais, aludindo a temas actuais e em discussão. Adorei a da loja Dior que, fazendo intertextualidade com a divisa da República Francesa,  proclama um novo slogan “Liberté, Égalité, Sexualité”…

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Bem, mas comecemos pelo principio: para ir do aeroporto de Milão, Malpensa, ao hotel apanhámos o comboio até à Milano Centrale já que aquele ficava muito próximo. O comboio da rede Malpensa Express é acessível a quem se desloca em cadeira de rodas. 

A estação central de Milão fica num edifício lindíssimo que, por si só, merece uma visita. Trata-se de um edifício imponente mandado construir de modo a representar o regime fascista de Mussolini. É do início do século XX e apresenta uma mistura de estilos, que vão desde Art Nouveau à Art Déco.

Para ir de comboio do aeroporto em direcção ao centro foi muito fácil, não tendo sido necessária qualquer ajuda e pagámos, apenas, um bilhete para os dois.

Chegados à estação, seguimos a pé até ao hotel que ficava apenas a uns metros de distância e, feito o checkin, partimos à descoberta.

Começámos por conhecer o lado mais moderno da cidade, o Porta Nuova. É uma zona antiga, agora em renovação, onde pudemos apreciar uma arquitectura contemporânea com arranha céus e prédios modernos residenciais, de comércio e de escritórios, alguns já premiados nos últimos anos. Também aqui se encontra o Bosco Verticale, um conjunto de dois prédios que parecem um bosque. São dezenas de árvores e milhares de plantas e arbustos espalhados por todos os pisos do edifício que contribuem, deste modo, para a biodiversidade urbana. Muito interessante é, também, o facto de se tornarem prédios mutáveis consoante a estação do ano pois, sendo as árvores de folha caduca, no inverno, ao caírem, deixam passar a luminosidade mantendo as casas aquecidas e tendo  o efeito contrário no verão. Este projecto ganhou vários prémios tendo sido já considerados os edifícios mais bonitos e inovadores do mundo.

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Foi na Piazza Gae Aulenti, o novo centro de negócios de Milão, que nos iniciámos na busca do melhor gelado de Itália.  Acho que foi um por dia … Sim, eu sei quais são as consequências! … O que me valeu foram os quilómetros que andámos, para compensar!

Continuámos pela Corso Como, uma das ruas mais famosas de Milão, onde, dizem, se encontra a loja mais cool de Itália a 10 Corso Como… atenção que pode passar despercebida e foi o que nos aconteceu!

Andar pelas ruas de Milão, pelo menos na zona mais central, é relativamente fácil porque não há grandes inclinações do terreno, os passeios estão rebaixados sendo que, na sua maioria, o piso é liso. Complicado é, mesmo, passar por entre a multidão que se concentra nalgumas ruas mais turísticas.

Impossível é não passar pelo Duomo, a lindíssima Catedral de Milão, em estilo gótico e uma das maiores do mundo.

Entrámos, visitámos e subimos ao telhado onde, para além da vista deslumbrante da cidade, pudemos apreciar mais de perto as esculturas, que, segundo o site oficial, são mais de 3400 espalhadas pelo interior e exterior do edifício. Não consegui percorrer toda a área do telhado mas o que vi, valeu muito a pena, havendo elevador para quem tem mobilidade reduzida e também não pagam entrada,  na catedral, nem a pessoa com mobilidade reduzida nem o acompanhante. Aliás, diga-se que nem aqui nem em quase todos os monumentos e outros locais de visita de Itália.

Em Milão, não pagámos taxa de cidade mas em Florença, para onde seguimos depois, já pagámos. Fiz uma pesquisa e consegui perceber que, em algumas cidades, a pessoa com deficiência e acompanhante não pagam, pois é política de cada cidade.

Por tudo isto, Itália marca pontos no turismo inclusivo!

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Mesmo ao lado da catedral pudemos aproveitar para fazer mais umas comprinhas, … ou não! … nas luxuosas lojas das Galerias Vittorio Emanuele. É mais um local de passagem obrigatória.

Nós, em vez das compras, optámos por tomar um Campari fresquinho, acompanhado de umas belas azeitonas, e que bem que soube com o calor que estava! Mesmo que não “queira” fazer compras, vale a pena passar por lá e apreciar o edifício que é muito bonito, ligando a Praça Duomo com a Praça Scala, através de um corredor com alguns detalhes curiosos a descobrir.

São várias as portas para entrar na cidade, antes cercada por muralhas.  Não são todas da mesma época porque foram sendo derrubadas e reconstruídas ao longo dos tempos. Passámos por quase todas pois é interessante sentir um pouco de história espalhada pelas ruas. É uma cidade com uma arquitectura muito bonita, cada prédio tem um pátio encantador onde entrámos, algumas vezes, sem ser convidados. 

Chegámos ao Castelo Sforzesco já tarde pelo que não entrámos em nenhum dos museus, galerias, arquivos, bibliotecas dos muitos que estão espalhados pelas salas do castelo. Uma maravilha para quem gosta de arte e vai com tempo! Segundo o site oficial, pessoas com mobilidade reduzida e acompanhante não pagam.

Também, por falta de tempo, aconteceu-nos o mesmo ao chegar à Pinacoteca di Brera, apenas entrámos no átrio. A visita ficou para uma próxima viagem a Milão. Tem acessibilidade para quem se desloca em cadeira de rodas e a entrada é gratuita assim como para o acompanhante.

Não andámos, praticamente, de transportes públicos pois o hotel estava muito próximo da estação, por onde chegámos e partimos, e não ficava longe do centro nem dos destinos que queríamos visitar. O metro, ATM, é acessível com informação muito completa no site.

Gostámos de Milão pois é uma cidade luxuosa, com bom gosto, arquitectura bonita e atendendo às questões da acessibilidade.

Alojamento

A parte menos boa são os hotéis! Há que ter muito cuidado quando reservamos um hotel, em Itália.

Ficámos hospedados no Spice Hotel Milano com a garantia de, à partida, ser um hotel com acessos a quem se desloca em cadeira de rodas. Assim o pedi e eles confirmaram. Logo à chegada, o primeiro entrave foi com o degrau da porta de entrada. O quarto que me destinaram ficava no Rés-do-chão, apesar do hotel ter elevador. Assim que entrei reparei que não passava entre a cama e a parede, não tendo, por isso, acesso à casa de banho. Falei para a recepção e, imediatamente, me mudaram para outro quarto ao lado em que o espaço era um pouco maior e já não havia o mesmo problema. A casa de banho estava péssima pois tinha um banco de auxílio para tomar banho, muito inseguro e perigoso. Apesar destes reparos, a Milano tornarò!

Daqui, partimos para Florença. Neste caso já levávamos bilhete comprado e reserva para lugar destinado à cadeira de rodas. Basta comprar o bilhete no site da companhia onde pretendemos viajar e, depois, contactar o serviço de assistência SALA Blu para marcar uma hora, já que aqui é necessário auxílio para entrar e sair do comboio. Eles trataram de tudo com uma grande eficiência e pontualidade, tanto na partida como no destino.

JustGO!!

Ano da viagem: 2018

Links Úteis:

Visite o site do turismo de Milão para informação sobre as acessibilidades.

Milano per tutti mais um site com informação para pessoas com mobilidade reduzida.

 

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