Tendo optado por visitar a Islândia decidimos que, antes de seguir viagem e aproveitando a escala em Dublin, aí ficaríamos durante três dias para conhecer a cidade que se revelou uma agradável surpresa.

Dublin é uma cidade muito bonita, com uma arquitectura maioritariamente de estilo georgiano,  proporcionando um passeio muito rico e agradável. É muito movimentada e com muita vida, apesar da chuva que parece existir quase todos os dias do ano. 

Os irlandeses são um dos povos mais simpáticos e hospitaleiros com quem me cruzei até hoje. Por várias vezes, fui abordada a perguntarem se necessitava de ajuda e de um modo tão despreocupado e descontraído que me fazia sempre sorrir.

Outra característica deste povo é a alegria. Não há rua em que não se encontre um ou mais pubs, cada um mais giro do que o outro, sempre cheios a partir do final da tarde. São muitos os locais e turistas que os frequentam para conviver, sempre em festa e de cerveja na mão. É muito típico e frequente haver música ao vivo ou, até mesmo, os próprios clientes se aventurarem ao espectáculo.

Um dos bairros mais característicos e boémio é o de  Temple Bar onde existem restaurantes, pubs, galerias e lojas mais alternativas. Aqui, parámos para uma Guinness no pub com o mesmo nome, sendo um dos mais famosos e antigos pubs da cidade. A entrada é acessível a cadeira de rodas.

Também acessível, The Brazen Head é o pub mais antigo da cidade que remonta ao ano de 1198. É um lugar muito simpático para beber, comer, ouvir música e, como não podia deixar de ser, ver futebol! (Foto de capa)

E como eu adoro Guinness, não pude deixar de visitar a Guinness Storehouse e descobrir a história e tudo o que está relacionado com esta cerveja Irlandesa. Foi muito giro mas, sinceramente, não sei se valeu o dinheiro que custou e o tempo que demorou a visita. É uma exposição interactiva que explica toda a história e o processo de fabricação da cerveja.  A entrada dá direito a um voucher de três copos da cerveja à nossa escolha, assistimos a coreografias dos empregados, fazendo parecer um verdadeiro pub, e, por fim, acedemos ao último piso onde tínhamos uma vista panorâmica sobre a cidade no Bar Gravity. Aqui, é expressamente proibido NÃO tirar fotografias!!

A visita à Guinness Storehouse é completamente acessível com elevadores para todos os pisos e casas de banho adaptadas. Não há qualquer desconto para pessoas com mobilidade reduzida pelo que aconselho as tarifas mais baratas se comprar online.

Se prefere whiskey, pode optar por visitar a velha destilaria da Jameson, para o que já nos faltou tempo. Segundo o site oficial a visita é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.

Uma cidade cheia de cultura

A capital Irlandesa está repleta de cultura, quer seja literária quer seja musical já que, como é sabido, daqui saíram grandes nomes como Oscar Wilde, Samuel Beckett, James Joyce não esquecendo, claro, os U2. 

Mesmo no centro da cidade podemos visitar o complexo da Universidade da Irlanda, o Trinity College, um magnifico conjunto de edifícios dos séculos XVI a XIX onde, num deles, se encontra a Biblioteca Antiga na qual, como principal atracção, está um manuscrito do Século 9, The Book of Kells. A exposição mostra como foi feito e retrata todo o simbolismo a ele associado. Lindíssimo, é, também, o salão da biblioteca onde estão 200 mil livros antigos que podem, ainda hoje, ser consultados.

A entrada na biblioteca de pessoas com mobilidade condicionada é feita por uma porta lateral e não se paga. Apesar das escadas, a biblioteca é acessível por plataformas e elevadores aos quais podemos aceder com a ajuda dos funcionários. Vale a pena ver a beleza deste salão. Já a exposição relativa ao referido manuscrito, não a vi na totalidade devido à quantidade de visitantes no local.

Conhece as esferas de Arnaldo Pomodoro? Perto do edifício da biblioteca encontra uma  das Sphere With Sphere, do artista. As quais existem em vários locais do mundo, como por ex., no Museu do Vaticano ou na Praça das Nações Unidas em Nova York, entre outros

Cidade medieval

Dublin tem duas catedrais, o que não é muito comum. Christ Church é a mais antiga mas a mais popular e visitada é a Catedral de St. Patrick.  Ao longo da visita à catedral, vamos tendo conhecimento de alguns apontamentos muito interessantes da história da Irlanda. Para isso, há que recolher o guia, à entrada, também em português, para ir percebendo melhor cada canto e recanto da igreja. É nesta catedral que encontramos a porta da Sala do Capítulo, protagonista de uma rixa entre Condes quando um deles, como proposta de paz, coloca o braço por um buraco esperando um aperto de mão, que se veio a concretizar, tendo-se arriscando a ficar sem ele. Daqui resultou a famosa expressão Irlandesa “to chance your arm”. Esta é acessível e tem casa de banho adaptada.

Dublin é uma cidade pequena mas com tanto para ver que não tivemos tempo para tudo. Gostávamos de ter visto a exposição Viking Dublin, em Dublinia, na cidade medieval de Christchurch, e saber um pouco mais da história deste povo no seguimento do que já havíamos feito na Noruega. Pelo que se pode ver no site oficial a exposição é acessível a quem se desloca em cadeira de rodas e não se paga.

Também não entrámos no Castelo, ficámos apenas pelos jardins, mas pelo que está indicado no próprio site é possível visitar quase todas as áreas em cadeira de rodas.

Pelas ruas de Dublin

Uma das ruas mais populares de Dublin é a Grafton Street, uma rua pedestre, com tudo o que é lojas e sempre com um ambiente muito agradável de artistas de rua e música ao vivo. Outra, também muito concorrida, é a O’Connell Street, uma das principais da cidade com muitos pontos de interesse como o magnífico edifício dos correios, onde foi proclamada a República da Irlanda. Aqui, encontra-se também outro monumento muito popular, The Spire, uma estrutura em forma de agulha com 120 metros de altura.

Dublin está servida de vários parques e jardins, apresentando o maior parque urbano da Europa, o Parque Fénix, que não visitámos. Porém, entre os nossos passeios, de repente senti um jovem atrevido a olhar-me e  foi quando vi Oscar Wilde deitado numa rocha do Parque Merrion Square. Não resisti a tirar uma foto com ele!

É uma cidade plana, onde é fácil andar. No entanto, torna-se um pouco complicado para quem se desloca em cadeira de rodas, já que algumas ruas do bairro de Temple Bar são em calçada grossa e os passeios são estreitos e, normalmente, cheios de pessoas, ou não fosse uma das zonas mais concorridas.

Zona Moderna

Seguindo a tendência de outras cidades, também Dublin está a recuperar a zona industrial e a torná-la numa zona moderna de arquitectura contemporânea, com avenidas e espaços de lazer largos e muito agradáveis. Esta área designa-se por “Silicon Docks” concentrando-se aqui grandes empresas de tecnologia como a Google, Facebook, Twitter, entre outras, a par com escritórios, apartamentos e restaurantes.

Não se admire se, de repente, descobrir que a pessoa com quem está a falar em inglês, também fala português. Aconteceu-nos mais do que uma vez, pois são muitos os Brasileiros que fazem intercâmbio na Irlanda, mais propriamente em Dublin. Mais do que brasileiros, só polacos. A flexibilidade de visto para estudar com direito a trabalhar é muito fácil de conseguir e, sendo o povo irlandês tão hospitaleiro, torna-se muito fácil a integração de quem chega. Também pesa o facto de estarem na Europa e terem a oportunidade de conhecerem mais países enquanto estudam.

Ficou muito ainda para ver e descobrir nesta encantadora cidade onde terei que voltar!

Alojamento

Ficámos hospedados nos apartamentos Staycity em Chancery Lane, o que, em termos de localização, foi uma boa opção e relativamente às adaptações, o único defeito era o facto de a cama ser altíssima. Já a casa de banho estava muito bem adaptada. Excelente é o facto de, tanto no booking como no próprio site do Staycity, haver a possibilidade de reservar o apartamento acessível e a possibilidade de ver fotografias, o que não é habitual.

JustGo!!

Ano da Viagem: 2019

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