Acabada de chegar de mais uma viagem daquelas que me encantam, onde tudo correu bem, ou quase tudo, e a descontração foi total. Realmente, viajar pela Europa, mais a norte, neste caso Alemanha e Áustria, facilita muito as coisas e isso reflecte-se no saldo final – positivo. Bem, quem me segue sabe que o saldo é sempre positivo mesmo quando nem tudo corre na perfeição.

A viagem entre a Alemanha e Áustria

A viagem começou em Munique, onde passámos quatro dias. Daqui, fomos visitar Salzburgo por dois dias e terminámos com cinco para descobrir Viena.

Como, sempre que posso, evito andar de avião, tirando as viagens de ida e regresso, Lisboa-Munique e Viena-Lisboa, fizemos todas as outras de comboio: Munique-Salzburgo e daqui para Viena.

Levámos já tudo tratado de cá, hotéis e comboios.

Transportes

Se para andar de avião o procedimento é, praticamente, igual em todas as companhias e aeroportos do mundo, para andar de comboio varia muito consoante a companhia, o percurso e o país onde estamos a viajar. Por isso, para quem viaja em cadeira de rodas e precisa de assistência, ao comprar os bilhetes de comboio, é importante ver as regras da companhia.

Em ambos os casos, de Munique para Salzburgo e daqui para Viena, foi preciso marcar assistência com 48 horas de antecedência. Se não o fizermos corremos mesmo o risco de não seguir viagem, pelo que há que ter atenção! Não é da mesma forma em todas as situações, pois, em Munique percebi, que se fosse no regional, não seria preciso avisar.

O pedido de assistência faz-se por mail ou, nalguns casos, por formulário online. Pode ser feito antes de comprar o bilhete e aí eles tratam de tudo, ou após a compra do bilhete. Uma vez pedida a assistência e recebida a confirmação, não precisamos de nos preocupar com mais nada a não ser estar na estação com a antecedência marcada por eles.

As companhias em que viajei, na Alemanha e Áustria, foram, de Munique para Salzburgo, na Deutsche Bahn e, de Salzburgo para Viena, na austríaca OBB.

Estação Central de Salzburgo
(Comboio Salzburgo-Viena)

Ao chegar ao aeroporto de Munique apanhámos o comboio para a Estação Central de Munique (München Hauptbahnhof) que ficava mesmo em frente ao hotel. É fácil entrar no comboio, mas tem um pequeno intervalo entre a carruagem e a plataforma. Aqui, andámos de metro poucas vezes, já que, praticamente, foi apenas para ir à cidade olímpica, onde decorriam os Campeonatos Europeus, aos quais não assistimos porque os bilhetes eram caríssimos. Algumas estações tinham uma rampa em cimento na zona da última carruagem o que facilitava o acesso, mas nem todas. Numa das viagens calhou-nos um metro dos mais antigos que fazia um grande desnível e onde só consegui entrar e sair com ajuda. Neste caso, sugiro que deixem passar e sigam noutro.

Em Salzburgo, tudo o que visitámos era relativamente perto e fizemos tudo a pé, a não ser o teleférico para subir ao Castelo.

Já em Viena, usámos o metro todos os dias e, se o objectivo é visitar bem a cidade, tem mesmo de ser.
Ao chegar à Estação Central de Viena, comprámos um passe de uma semana para o metro, já que iríamos viajar mais do que uma vez por dia e, apesar de ficarmos apenas cinco dias, compensou o preço. Existe uma tarifa reduzida para pessoas com mobilidade reduzida, mas da qual não pude beneficiar, pois é apenas para quem está registado no sistema austríaco.

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Comboio Aeroporto Munique

O metro é acessível e, praticamente, todas as estações têm elevador ou rampa. Para entrar no metro, as carruagens das pontas têm uma rampa que sai e recolhe, eliminando o intervalo e o desnível que se formam. Passámos por uma estação onde avisaram, no altifalante, antes de parar, que o elevador não estava a funcionar e existe uma aplicação que indica todas estas questões, pelo que se torna fácil usar este meio de transporte.

Para irmos para o aeroporto usámos o serviço CAT, City Airport Train, que é apenas para esse fim, levar e trazer pessoas do aeroporto. Este é um comboio que se apanha no terminal, localizado no centro comercial Wien Mitte, e em dezasseis minutos estamos no aeroporto. Funciona muitíssimo bem. Para algumas companhias aéreas é possível fazer o check-in logo aí. No meu caso, só é possível fazê-lo no aeroporto. É acessível e directo, evitando grandes complicações e mais prático para quem anda com malas. Eu paguei uma tarifa reduzida e o F., como meu acompanhante, não pagou.
Esta é uma excelente alternativa para quem faz escala em Viena, com algumas horas entre voos, uma vez que não perde tempo com muitos transportes entre o centro e o aeroporto, além de ter cacifos onde deixar as malas..

Hotéis

Como já referi, em Munique, optámos por ficar próximo da Estação Central, pois seria aí que iríamos chegar, uma vez que apanharíamos o comboio do aeroporto para a cidade, e seria também daí que partiríamos para Salzburgo. Outra razão é porque é muito perto do centro e dos locais que pretendíamos visitar. Assim, ficámos mesmo em frente à estação o que facilitou muito, principalmente o F., com as malas. Em Salzburgo, fizemos exactamente o mesmo e foi a melhor opção.
Ficar perto das estações de comboio nem sempre é a nossa opção, pois são lugares não muito bem frequentados e, consequentemente, mais inseguros. Nestas cidades não nos preocupámos tanto e, realmente, não sentimos qualquer desconforto.

Em Munique ficámos no Flemings Hotel München-City e foi uma excelente escolha. O quarto era muito espaçoso e as adaptações estavam perfeitas para mim.

Flemings Hotel München-City

Em Salzburgo, as coisas começaram muito mal no que diz respeito a esta questão. Quando reservei o quarto, como costume, enviei um mail a pedir quarto adaptado e nunca responderam a confirmar. Facilitei porque o hotel era de quarto estrelas e novo, pelo que achei que não iria ter problemas.
Ao fazer o check-in questionei e responderam que todos os quartos eram adaptados. Esta é uma resposta que me deixa logo desconfiada, mas, como estava num país evoluído, acreditei. Claro que ao entrar no quarto tive a surpresa de, além de não estar adaptado, nem sequer conseguia passar entre a cama e a parede e nem era possível entrar no duche. A partir daqui foi uma odisseia de duas horas até conseguir mudar de hotel, com muito pouca compreensão e ajuda por parte de quem me recebeu. Muito mau, pelo que aqui deixo o nome do hotel para que não passem pelo mesmo que eu: Arte Hotel Salzburg.

Acabei por ficar, muito próximo, no Hotel Cocoon Salzburg. Tivemos de gastar mais dinheiro, mesmo com um desconto que nos foi dado pela compreensão e simpatia de quem nos atendeu. Em boa hora mudámos, pois o quarto estava muito bem adaptado e com atenção ao pormenor, como por exemplo, o sítio para pendurar as toalhas a uma altura mais baixa e o caixote do lixo pendurado na parede a uma altura de fácil acesso. Recomendo!

Hotel Cocoon Salzburg

Em Viena, a escolha do local do hotel prendeu-se com o facto de termos planeado ir um dia a Bratislava, na Eslováquia. Iríamos de comboio e regressaríamos de barco, que ficava muito perto do hotel. Acabámos por não o fazer, pois gostámos tanto da cidade que não quisemos perder um dia. Teria sido um bom programa, até porque iríamos fazer o Danúbio ao pôr do sol, mas não podemos ter tudo.
Ficámos, então, no Novotel Wien City. Aqui, tive mais uma daquelas surpresas a que já estou muito habituada em que o banco para tomar banho era um banco da cozinha, minúsculo e sem segurança nenhuma. Após falar com a recepção, trouxeram-me uma cadeira de escritório, de cabedal, com encosto o que, com as barras que existiam, se tornou uma excelente alternativa e muito segura. Ou seja, resolveram, mas não cumpriu as expectativas. A casa de banho era pequena, mas para mim serviu.

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Acessibilidades

Três cidades muito acessíveis por onde é muito fácil andar. Praticamente, não necessitei de ajuda para nada. O piso é quase sempre liso e os passeios estão todos rebaixados, mas não abdiquei de andar com a minha roda, pois não a dispenso em nenhum destino.
Encontrei, no entanto, muitas lojas, cafés, restaurantes, etc. com degraus, nas três cidades, principalmente, em Salzburgo. Algumas tinham o sinal de mobilidade reduzida à porta, o que quer dizer que se chamarmos colocam uma rampa, mas nem todas.

Casas de banho

Como já sabem, este é um assunto muito importante, pois é normalmente muito difícil conseguir casas de banho adaptadas e limpas em viagem. Recorro quase sempre a hotéis de quatro e cinco estrelas que, simpaticamente, me deixam usar a da recepção. Acho que esta foi a primeira viagem em que não recorri a nenhum hotel.

Existiam casas de banho nos restaurantes, nas galerias de lojas, nos museus, enfim, em muitos locais e o melhor, limpíssimas!! Esta realidade já a tinha encontrado na minha viagem pela Escandinávia, casas de banho limpas e sem cheiros. Se aqui é possível, porque não em todo o lado??

Um pormenor interessante que encontrei em muitas casas de banho, foi existir um botão nas barras de apoio para puxar o autoclismo, bastando encostar o dedo sem ser necessário fazer força o que é excelente para quem tem pouca mobilidade nos dedos.

Muitas das casas de banho, para pessoas com mobilidade reduzida, estavam fechadas e só abriam com uma chave/cartão europeia, a Eurokey, a qual é preciso encomendar e pagar, custando cerca de 25 Euros. Eu tinha que pedir que abrissem. É, segundo li, usado em toda a Europa.

Não sei se estão enganados ou se Portugal não fica na Europa!
Fui investigar e afinal existe, por enquanto, na Alemanha, Países Baixos, Áustria, Suíça, República Checa e Eslováquia. Há, ainda, uma outra, a Radar Key, apenas para o Reino Unido. Associado existem aplicações com o mapeamento das casas de banho, onde podemos consultar qual a que está mais próxima de nós. Uma delas, a Accessaloo, regista estas com chave, mas também outras, por todo o mundo, e podemos, também, contribuir com o preenchimento.

Outra aplicação com casas de banho acessíveis, nestes dois países e Suíça, é a HandicapX app, com mais de dezasseis mil registos.

Conclusão

Esta foi uma viagem tranquila no que respeita a acessibilidades, onde pude andar descontraída e aproveitar para apreciar três cidades fantásticas e muito diferentes entre si.
Munique é uma cidade moderna, boémia, alegre, com cultura e com muito para ver, Salzburgo parece um cenário de um filme em que tudo é bonito e muito bem conservado. E Viena … ahh Viena, que cidade maravilhosa! Cinco dias não chegaram para absorver tudo o que tem para oferecer. Uma cidade bela, contemporânea, descontraída, mas muito requintada.
A voltar!
JustGo!!

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