Vale a pena fazer uma volta ao mundo quando se tem pouco tempo?

Respondendo a esta pergunta, tem que se querer muito, principalmente quando pensamos fazê-lo em pouco tempo. Não vai ser uma viagem barata, pelo que é melhor ponderar se vale a pena fazê-la ou se será preferível dividi-la em várias viagens que nos permitam ficar mais tempo em cada um dos locais e, consequentemente, ficar a conhecê-los melhor.

Como organizar uma volta ao mundo

Antes de mais, o melhor é definir o orçamento que temos para a viagem sendo que, facilmente, se ultrapassa o valor estipulado. Por isso a organização é fundamental e são muitos os factores a ter em conta, mas os principais são:

  • Quais os países a visitar;
  • Altura do ano, época alta ou baixa, clima;
  • Viagens de avião;
  • Alojamento;
  • Alimentação;
  • Deslocações por terra, aluguer de carro, transportes públicos;
  • Seguros de viagem;
  • Consulta de viajante;
  • Vistos para entrar nos países;
  • Carta de condução internacional;
  • Passaporte;
  • Atividades a realizar.

Escolher os destinos

Primeiro, começamos por escolher os destinos que gostaríamos de visitar e, a partir daí, definimos um roteiro. Ao longo deste processo e tendo em conta a proximidade de locais, o mais provável é que se venham a deixar cair alguns e a acrescentar outros.

Consoante os destinos escolhidos há que ponderar qual a melhor altura do ano para se fazer a viagem. Aqui, depende do gosto de cada pessoa e do tipo de viagem, mas, parece-me, que todos gostamos de viajar com tempo ameno. No meu caso, é tentar apanhar calor em todos os sítios! Viajar com chuva ou com frio implica sempre uma logística mais complicada, além de que, quando viajamos no inverno, os dias são mais pequenos e aproveita-se menos. Viajar para locais em época alta vai implicar sempre gastar mais dinheiro e apanhar mais confusão, pelo que é de evitar.

A primeira coisa a estudar são os voos e a melhor forma de minimizar os gastos e de aproveitar o máximo possível em cada local. Porém, há que ter em conta que nem todas as ligações são possíveis de fazer entre os destinos escolhidos. No nosso caso, tivemos que fazer várias alterações até chegarmos ao roteiro final. O resultado a que chegámos não foi a nossa primeira opção, mas foi a melhor em termos de custo e tempo.

Explico como comprar voo e pedir assistência no artigo: Viajar de avião para quem tem mobilidade reduzida.

A minha volta ao mundo

Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia Francesa e EUA: estes foram os países escolhidos para a nossa Volta ao Mundo em 40 dias, depois de analisadas todas as variáveis que assinalei. Para lá, fizemos escala no Dubai e para cá em Toronto, isto porque não gosto de fazer viagens que durem mais do que 8 horas.

Também existem bilhetes Volta ao Mundo, que analisámos concluíndo que não compensavam no nosso caso. Para mais informações sobre este assunto sugiro que leiam o artigo do Filipe Morato Gomes, do blog Alma de Viajante, Como comprar bilhetes Volta ao Mundo, que explica muito bem este tópico.

Se os planos vão mudando ao longo da organização e planeamento da viagem, eles também mudam, depois, no local. Há sempre condicionantes de última hora que podem alterar planos pelo que temos que contar com isso.
Foi o que aconteceu em Sydney. Percebemos que ia chover muito no dia em que íamos para a zona das montanhas e desistimos. Em boa hora o fizemos, pois choveu mesmo muito. Assim, à última hora, comprámos voo e partimos dois dias depois para Brisbane.

Alojamento

Em relação ao alojamento, no meu caso, levo já tudo marcado para ter a certeza de que vou conseguir um hotel com quarto adaptado e disponível, na zona que quero. Nem todos os hotéis têm quartos adaptados e os que têm, normalmente, são apenas um ou dois, pelo que é melhor garantir a disponibilidade.
Para se poder ir modificando o roteiro, o melhor é reservar com opção de cancelamento gratuito. É um pouco mais caro, mas torna-se mais fácil e menos dispendioso na hora de alterar planos. Faço normalmente as reservas no Booking.com.

Explico como escolher e reservar hotel no artigo: Hotel acessível | Como reservar.

Deslocações/Transportes

Há que analisar a forma como nos vamos deslocar nos locais.

Assim que chegamos ao aeroporto, temos que ir até ao hotel e a nossa opção é quase sempre usar transportes públicos como o comboio, metro ou autocarro. Raramente usamos táxis. Levamos já tudo estudado, mas, dependendo do destino, há normalmente informação bem sinalizada no aeroporto. O melhor método é consultar os sites Aeroportos do Mundo ou o Rome 2 Rio que têm toda esta informação e, facilmente, se percebe o que fazer. Deve-se ter em atenção se vai ser necessário pagar o transporte em dinheiro e, para isso, é preciso levantá-lo antes, no aeroporto.

Para andar de transportes públicos nalguns destinos, convém estudar as vantagens que existem de comprar os cartões pré-pagos, que permitem carregamentos, porque vão ficar mais baratos se utilizados com alguma frequência.

Se vamos andar de carro no destino, por vezes levamos já a reserva feita, também com opção de cancelamento gratuito. Consoante o destino, podem ser necessárias diferentes cartas de Condução Internacional, no nosso caso, o Fernando precisou de duas, já que a da Austrália e Nova Zelândia é diferente da dos EUA. Verificar no site do IMT.

Vistos e autorizações

Não esquecer o fundamental para qualquer viagem, os vistos e autorizações para entrar nos países. Há que verificar se o país exige um visto e convém fazê-lo com alguma antecedência, pois, por vezes, o processo é simples: basta preencher os formulários online e a autorização chega passado pouco tempo; noutros casos, tudo é mais complicado e moroso.

Passaporte

Bem, sem passaporte é que não damos uma volta ao mundo, pelo que, no caso de já o terem, há que verificar se está válido, no mínimo por seis meses, pois muitos países pedem esse prazo. Caso contrário, convém tratar com antecedência devido aos atrasos até para não ter que se pagar mais para o conseguir com urgência.

Consulta de viajante

A consulta de viajante é, quanto a mim, imprescindível para alguns destinos. Se optarem por fazê-la através do SNS, há que marcar com antecedência para conseguirem vaga a tempo e, no caso de serem recomendadas vacinas, as consigam fazer antes de ir. A consulta deve ser feita um a dois meses antes da viagem.
Não esquecer de levar a medicação necessária para pequenas eventualidades e a que for sugerida em consulta.

Seguro de viagem

Por último, mas muito importante, o seguro de viagem. Não faço viagens sem fazer um, pois os imprevistos em viagem acontecem, eu que o diga!, e o melhor é irmos precavidos e descansados. Uso, normalmente, os da IATI e, como afiliada do programa deles, posso oferecer um desconto de 5%, se o comprarem através deste link: IATI Seguros.

Fazer a mala

Dificilmente se consegue fazer uma volta ao mundo sem apanhar alterações de clima, o que implica mais bagagem. Roupa para o frio e para o calor, roupa para a praia e para a chuva, acessórios, etc. Tentar levar o menos possível é o jogo! O bom é contar com as lavandarias, quer de hotéis quer de rua, e ir lavando roupa ao longo da viagem. Perde-se algumas horas, mas poupa-se no peso que carregamos na hora das deslocações.

No caso dos aviões, há que verificar as regras para transporte de medicamentos e levar a bordo alguma medicação que possa necessitar e as respectivas declarações médicas. Não tive qualquer problema com a medicação que levei nem me pediram nada, nem nesta viagem nem noutras que já fiz.

Actividades/visitas/passeios

Se estão a pensar realizar algumas atividades nos locais que vão visitar, convém verificar no site a opção de compra de bilhetes online, pois, muitas vezes, fica mais barato, além de que, se forem muito concorridos, podem esgotar. No caso de ter mobilidade condicionada, deve verificar se tem desconto e como pode usufruir dele. Estes bilhetes, por vezes, só é possível comprá-los no local, e, para isso, pode ser que precise de levar o atestado multiusos para validar o grau de incapacidade.

Mais detalhes sobre organização de viagens no artigo: Como organizar uma grande viagem.
Fazer uma viagem de volta ao mundo é um desafio que é preciso ser bem pensado e ponderado, ainda mais se feito em tão pouco tempo, pois, inevitavelmente, vai ser cansativo e, para algumas pessoas, pode ser um risco fazer tantas viagens de avião e passar tantas horas sem descansar. Mas vale cada momento, cada país e cada aventura que se vive.

JustGo!!

Links Úteis:

Portal das comunidades portuguesas: Informação sobre vistos, passaportes, cuidados de saúde entre outros. Conselhos aos viajantes.
SNS24 Consulta do Viajante: Informação sobre a consulta do viajante.
Instituto da Mobilidade e dos Transportes: Informação sobre a Carta de Condução Internacional.
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2 Comments

  1. Sofia, boa-noite.
    Eu e o meu marido (ambos ‘portadores’ de Esclerose Múltipla), também viajamos muito. Ambos, temos Atestado Multiusos (eu, com 80% e o meu marido com 84%). Eu uso uma bengala (a mim, a doença atingiu-me mais a parte física). Já tentámos utilizar o Atestado, para comprar bilhetes, para monumentos, exposições….mas,..como o Atestado está em português, nunca conseguimos nada. Como costuma fazer?

    • Sofia Reply

      Olá Paula,
      Não me pediram muitas vezes, mas quando aconteceu mostrei em português e aceitaram. Talvez tenham olhado apenas para a %.
      Sugiro que o levem traduzido. Talvez possam perguntar à entidade emissora se o traduzem ou se o carimbam traduzido por vocês.

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