Organizar uma grande viagem não é tarefa fácil para ninguém. Se a isso juntarmos a organização de uma viagem para quem tem mobilidade reduzida, tudo tende a complicar-se ainda mais. Não que seja algo impossível, porque não é, mas porque temos de dar atenção e cuidar de outros aspectos que, de outra forma, poderiam afigurar-se como menos relevantes.

Assim, a própria organização e planeamento já fazem parte da própria viagem e podem evitar surpresas e situações desagradáveis ou experiências menos positivas. Pela minha parte, gosto de pensar e de agir com total entusiasmo logo que começo a preparar uma viagem. Ou seja, o resultado da experiência depende exatamente do que conseguimos planear atempadamente e da alegria que isso representa.

Antes da organização da viagem propriamente dita, temos de atender a três pontos essenciais:

  • Para onde queremos ir;
  • Quanto tempo temos;
  • Qual o orçamento que temos para a viagem.

Claro que, se tivermos alguma flexibilidade, podemos sempre ir ajustando estes pontos ao longo da organização da mesma, aliás, isso traz grandes vantagens que, quase sempre, se vão refletir no custo total da viagem.

Vamos por partes! A primeira é a escolha do destino.

Para onde queremos ir? Escolha do destino

A maior parte das vezes, quando vamos organizar uma viagem, já sabemos qual o destino que queremos, no entanto, por vezes, estamos indecisos e temos que fazer escolhas. Essa escolha pode depender de vários fatores como, por exemplo, a época do ano no local para onde vamos. Isto quer dizer que tudo muda consoante a estação do ano. E a indecisão pode até ser um ponto positivo, pois, assim, podemos optar de acordo com as oportunidades que surjam.

O facto de ser época alta no destino que escolhemos, também poderá afectar a organização da viagem e, neste caso, há que ter em atenção que o preço das coisas irá estar inflacionado, pelo que há que reservar tudo com alguma antecedência, até porque muitas coisas e atividades poderão esgotar.

A escolha de um país desenvolvido ou de um país do terceiro mundo poderá também ter implicações. Por exemplo, caso precisemos de cuidados médicos. Não necessitamos de deixar de ir, mas convém levar tudo muito bem organizado ou, se nos sentirmos mais seguros, adiar alguns destinos para uma altura em que nos encontremos melhor de saúde.

Qual a melhor forma de lá chegar?

Vamos para o outro lado do mundo? Ou vamos para mais perto?
Temos de escolher qual o meio de transporte que vamos utilizar para chegar ao nosso destino e, consoante a distância, se vamos parar noutros locais ou se vamos directos.
Quando o destino implica várias viagens de avião, uma das estratégias que costumo utilizar é, sempre que possível, viajar de noite. Por duas razões: uma porque a viagem é sempre muito mais calma; segundo, porque se poupam os custos de uma noite de alojamento.

A não ser que vamos de carro, em que garantimos a nossa autonomia, qualquer outro meio de transporte depende de outras pessoas, de horários e de ajuda para que consigamos entrar e sair. Estou a falar de avião, comboio ou barco. E tudo varia de companhia para companhia e de país para país. Mas, de um modo geral, o procedimento a ter é, basicamente, o mesmo, pois em quase todos eles é necessária ajuda para entrar e sair e, por consequência, é necessário avisar e agendar apoio. Há que marcar com a companhia através do site, por mail ou directamente por telefone.

Neste artigo explico todo o processo para viajar de avião em cadeira de rodas: Viajar de avião para quem tem mobilidade reduzida.

Para andar de táxi, de autocarro ou de metro nas cidades não é necessário marcar antecipadamente, mas nem sempre são acessíveis, pelo que é importante consultar essa informação que se encontra, normalmente, nos respectivos sites oficiais.

Escolher o local onde ficar

Para quem tem mobilidade reduzida, a escolha de um hotel acessível é uma tarefa fundamental para o sucesso da viagem. No entanto, existem mais algumas condicionantes que devem ser tidas em consideração tais como a localização, que deve ser numa zona com acesso ao metro ou a outro meio de transporte que queiramos usar, ou, no caso de irmos de carro, com facilidade de estacionamento.
A programação da viagem e dos locais que queremos visitar são importantes ao escolher o local do hotel.

Reservar alojamento

Existem várias formas de reservar hotel, mas o essencial é garantir que o quarto é adaptado às nossas necessidades.
Depois de escolher a zona onde ficar, há que escolher o hotel e tentar perceber se tem quartos adaptados. Esta é uma tarefa que requer algum cuidado e alguma persistência até se concretizar com sucesso. Temos que ter, também, alguma margem de manobra, pois, muitas vezes, não existe solução no local que queremos e há que mudar.
Neste artigo explico como reservar hotel: Reservar hotel acessível.

Seguro de viagem

Mais vale prevenir do que remediar.
Muito importante, principalmente para alguns destinos. Não viajo sem fazer um seguro de viagem. E o melhor que pode acontecer é não precisar dele.
Felizmente, tinha um bom seguro quando tive o grande acidente em que fiquei paraplégica, ia em viagem em Espanha. Fora isso, só voltei a usar por extravio de mala, que acabou por aparecer passado um dia.
Costumo fazer com a IATI Seguros, que me parece a melhor opção para seguros de viagem, mas existem muitas opções, pelo que há que estudar o mercado e comparar, mas nunca viajar sem seguro!
Deixo aqui o link com 5% de desconto nos seguros IATI.

Acessórios, material de apoio, medicamentos

Existem acessórios que nos facilitam a vida, especialmente em viagem. São acessórios que trazem segurança e estabilidade, principalmente a quem se desloca em cadeira de rodas e dão autonomia, uma vez que permitem andar por caminhos que não estejam em boas condições ou pisos irregulares, sem precisar de ajuda. Levá-los nos transportes e mesmo no avião, não tem qualquer problema e, se fizerem parte da cadeira, não acarretam qualquer custo adicional.

No caso de viajar de avião, há que verificar as regras para transporte de medicamentos, mas não esquecer de levar a bordo alguma medicação de que necessite e as respectivas receitas médicas, se necessário.

Neste artigo dou exemplo de um acessório que levo sempre comigo em viagem: A minha melhor amiga.

Fazer e organizar a mala

O meu lema é levar o mínimo, mas levar tudo!
Fazer uma mala de viagem depende muito de pessoa para pessoa, mas, acima de tudo, estando numa cadeira de rodas, depende do destino para onde vamos e até do meio de transporte que vamos usar!
Se vamos de avião, nunca se sabe quando é que a mala se extravia e não chega ao destino connosco, pelo que o melhor é levar sempre uma mala de cabine com o imprescindível e sem o qual não podemos mesmo passar.
Se vamos de carro, estamos mais à vontade para acrescentar mais umas coisas extra, pois não vamos ter que andar com elas “às costas” e, muito menos, sobrecarregar quem nos acompanha.
Elabore uma lista do que vai precisar, com alguma antecedência, e vá acrescentando itens à medida que se lembra de algo. Assim não se vai esquecer de nada!

Actividades de lazer

São muitas as actividades de que podemos usufruir em viagem, sejam elas mais ou menos radicais.
Pesquise e procure na internet aquilo que gostaria de fazer e contacte as empresas e, mesmo que não encontre informação específica para pessoas com deficiência, vai surpreender-se com tudo o que é possível fazer estando numa cadeira de rodas, se for esse o caso.
Para visitar monumentos e museus investigue nos sites, pois há, normalmente, uma página dedicada à entrada de pessoas com deficiência. Convém verificar, pois algumas vezes é feita por entradas alternativas. Nalguns sites, existe, também, informação sobre o estacionamento e as casas de banho adaptadas. Não esquecer que, muitas vezes, para entrar, é pedido um atestado que comprove a condição da pessoa.

Vá e divirta-se!

JustGo!!

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