Hong Kong e Veneza terão sido os locais mais complicados onde já estive, em termos de acessibilidades.
A ilha de Hong Kong fica numa zona montanhosa e andar de cadeira de rodas é uma verdadeira aventura. Passar a rua de um lado para o outro torna-se quase impossível. As passagens são, na maior parte das vezes, aéreas ou subterrâneas e, na sua maioria, acessíveis apenas por escadas. Há, no entanto, sempre alguém disponível para orientar e ajudar. Assim que solicitávamos ajuda, não descansavam enquanto não nos levavam aonde queríamos. Por vezes, passávamos de pessoa em pessoa, pois tínhamos que andar por elevadores e passagens privadas, até chegarmos ao nosso destino. Desistir a meio? Nem pensar! … só nos deixavam quando chegávamos ao lugar pretendido!!
Na “Old Town Central”, o bairro mais histórico da ilha, existem algumas ruas de subidas íngremes e escadarias onde se torna impossível circular de cadeira. Aqui, pode sentir-se a essência de Hong Kong e apreciar os grandes contrastes entre o tradicional e o moderno.
Ao chegar ao aeroporto, a melhor opção é apanhar o metro, MTR Airport Express que, em meia hora, faz a ligação directa à península de Kowloon ou à ilha de Hong Kong . Todas as estações têm elevador ou rampas e, na zona mais antiga, existem plataformas nas escadas pelo que basta tocar a campainha para que, prontamente, alguém venha ajudar.
Sendo Hong Kong uma das regiões com maior densidade populacional do planeta, seria de imaginar um metro muito confuso. Mas não! O metro é acessível e nada complicado. Em hora de ponta, há sempre alguém a controlar a entrada e saída das pessoas nas carruagens, o que faz com que não tenhamos que nos preocupar já que eles garantem que tudo corra com segurança. O que mais estranhei, quando desci à estação de metro, foi o silêncio. Tantas pessoas e tanto silêncio… porque estão constantemente agarradas ao telemóvel, não a falar mas a ler ou a jogar, e não interagem umas com as outras nem que seja com um olhar.
O metro foi, assim, o único meio de transporte que usámos. Para ir da ilha para a península de Kowloon são apenas duas estações. A alternativa é usar os Star ferrys muito característicos para fazer a travessia entre as duas margens daquelas. Os ferrys estão equipados com rampas, por vezes inclinadas, mas que, com ajuda, podem ser acedidos por cadeiras de rodas. Daqui, pode assistir-se ao deslumbrante espectáculo de luzes dos arranha-céus que ocorre diariamente.
Outra das atracções mais famosas é subir a Victoria Peak, a montanha mais alta da região. Aí, encontra-se a Peak Tower onde, no terraço, o Sky Terrace 428, se consegue uma vista panorâmica de Hong Kong. Aqui pode apreciar-se a fantástica vista da envolvente, dos arranha-céus e da Vitoria Harbour, um dos portos mais famosos do mundo. Para subir ao Peak o transporte mais usado é o eléctrico. No entanto, para quem anda em cadeira de rodas, esta terá que ser dobrável e a pessoa terá que se passar para uma das cadeiras fixas do eléctrico.
O eléctrico é o meio de transporte mais usado na ilha de Hong Kong. Porém, não é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
Apesar de não ser o melhor sítio para quem se desloca em cadeira de rodas, adorei Hong Kong! Como é sabido, é uma região administrativa especial da China, assim como Macau, pelo que se verifica grande mistura da cultura oriental e ocidental, e grandes contrastes entre o antigo e o moderno e também entre o novo e o degradado!
Antiga colónia Inglesa, onde o Inglês continua a imperar, é considerada a cidade dos sonhos talvez pelo seu grande centro financeiro, repleto de arranha-céus que se ligam entre si e ruas cheias de luxuosas lojas, verificando-se um consumismo desenfreado a todas as horas do dia e da noite.
Apesar dos mais de 7 milhões de habitantes, ocupando uma área urbana muito pequena, não se sente insegurança nas ruas de Hong Kong.
Claro que estando em Hong Kong tirámos um dia para ir até Macau, pois fica apenas a uma hora de barco. Era um desejo já antigo, visitar a antiga colónia portuguesa! Por momentos sentimo-nos em casa! Mais tarde dedicarei um artigo a esta visita.
Ficámos hospedados no OZO Wesley Hong Kong num quarto exíguo em que a adaptação do chuveiro não era a melhor, havendo, apenas, um banco muito pequeno na parede da banheira para onde era muito difícil passar. No meu caso, impossível sem ajuda.
De Hong Kong seguimos para Xangai, de avião, pela Hong Kong Airlines. Os bilhetes foram comprados por internet e confirmei o pedido de auxílio de cadeira de rodas por mail, tendo corrido tudo muito bem.
Como diz Nury Vittachi “You can leave Hong Kong, but it will never leave you.”
Links úteis:
Tips for Disabled Travelers to China
JustGo!!
Ano da viagem: 2016