Depois de no dia anterior, termos feito o Golden Circle, seguimos pela Ring Road até ao lago Jökulsárlón, no Sul da Islândia.

Voltámos à estrada! Não chovia e estava uma manhã fria mas agradável. Demos uma volta por Selfoss, onde tínhamos pernoitado, e nada nos atraiu pelo que seguimos em direcção à nossa próxima paragem: Seljalandsfoss.

Não íamos sozinhos, acompanhavam-nos as ovelhas! Sim, estão nos locais mais estranhos e mais isolados, nas encostas das montanhas, nos campos de lava, por todo o lado e isso é um pouco estranho. Parece que são selvagens ou que estão perdidas, mas não!

As cascatas da Islândia

Seljalandsfoss é um dos pontos mais fotografados da Islândia. Não são as maiores cascatas, mas têm a particularidade de se poderem rodear e, assim, conseguirmos ver o efeito por detrás da queda de água. Existe uma reentrância, entre as rochas, que o permite fazer. No entanto, para lá chegar, só é possível através de degraus o que se torna inviável para quem se desloca em cadeira de rodas.

Um pouco mais à frente em Skógar, encontrámos mais um ponto de paragem para ver outras cascatas, estas com uma imponente queda de água de 60 metros de altura, as Skógafoss. Têm um enquadramento bonito e, para quem pode, existe uma escadaria enorme que permite vê-las de cima. O F. fez e achou magnífico.

Aproveitámos para almoçar. Não, não fomos ao restaurante! A melhor opção na Islândia é, antes de partir numa road trip, abastecer no supermercado. Não são muitos os restaurantes para comer ao longo da estrada e os que existem, nos pontos de interesse, tornam-se muito caros.

A Islândia inóspita

Passámos por Sólheimasandur, uma zona de grande dimensão, onde apenas se encontra areia preta, vulcânica e, no meio do nada, os destroços do DC Plane Wreck, o avião do exército Norte Americano que, em 1973, devido a uma avaria, aí teve que aterrar de emergência. Não fosse o cenário inóspito que daí resultou e ninguém ia reparar no lugar. Para o ver, há que andar cerca de uma hora para cada lado pelo que achámos que não valia a pena e seguimos. Em alternativa, existe um autocarro que faz esse percurso.

Umas das coisas que mais queria era ver e estar perto de um glaciar.

Para isso, fizemos um pequeno desvio, numa zona onde sabíamos haver tours pelo glaciar, e fomos até lá. O piso era péssimo, pelo que fiquei no carro e o F. foi à descoberta. Veio maravilhado! Confesso que fiquei triste e um pouco desanimada mas iria ser compensada mais à frente!

A praia de areia preta

Seguimos porque queríamos ver a praia de areia preta, Reynisfjara, e, para isso, parámos no miradouro de Dyrhólaey que, além do seu farol, oferece uma vista fantástica. Mais ao longe avistámos também as estacas de rocha, de Reynisdrangar, que emergem da água e têm um enquadramento muito bonito.

Mas a melhor parte foi termos conseguido ver um lindíssimo Papagaio-do-mar! Não sabíamos mas é muito comum andarem por ali, aliás, este é considerado o melhor lugar da Islândia para encontrar estas aves, o que justifica a quantidade de pessoas que ali se encontravam. Foi a cereja no topo do bolo!

Vík í Mýrdal

Estávamos próximo da localidade Vík í Mýrdal, um dos pontos de paragem para quem faz esta rota. Aqui, comemos uma sopa que nos soube pela vida mas também nos custou os olhos da cara, seguimos, então, para o nosso hotel que ficava, ainda, a 200km. Tínhamos que chegar até às 22h e estávamos com tempo pois não havia mais paragens, mas o caminho trouxe-nos paisagens deslumbrantes que nos atrasaram um pouco …

Primeiro, com os terrenos de lava que nos acompanharam durante muitos quilómetros, depois, com penhascos imponentes que surgiam do nada, e, finalmente, com o glaciar que nos levou até ao destino, cada vez mais presente, ao ponto de quase nos  engolir. Foi, exactamente, esta a sensação que tivemos em certo ponto quando parecia que a estrada ia entrar pelo glaciar adentro. O dia já seria noite, noutra altura do ano. O pantone era azul e branco e acho que não nunca mais vou esquecer aquela imagem. Maravilhoso!

Chegámos a Gerdi já depois da hora mas muito a tempo. O movimento na guesthouse era ainda muito e aqui começou a dança dos quartos adaptados! O quarto não era acessível e nem sequer havia nenhum, ao contrário do que haviam confirmado quando fiz a reserva. A recepcionista chamou o dono, que ficou tão atrapalhado que quase fiquei com pena dele. Mudou-nos para um quarto maior e melhor, arranjou uma cadeira de plástico para o banho e ofereceu-nos o pequeno almoço.

Bem, era só uma noite e o dia maravilhoso que tinha tido compensava a falha do quarto. E o melhor de tudo era que o que ia ver na manhã seguinte iria compensar ainda mais.

O lago Jökulsárlón

Chegámos cedo, não havia ainda muita gente e o sítio era um estrondo.

Jökulsárlón é um lago glaciar, proveniente do Vatnajökull, um dos maiores glaciares da Europa.

Breiðamerkurjökull é a língua de gelo que liga o glaciar à lagoa, onde se formam grandes icebergs que vão flutuando até chegarem ao mar. Pelo caminho, vão deixando um rasto brilhante que, ao misturar-se com as areias negras, provocam um efeito fantástico que dá o nome à praia, Diamond Beach.

A lagoa foi a compensação de tudo aquilo que não tinha conseguido ver até ali. A vista era lindíssima, o frio aqueceu e o tempo parou só para mim! A única coisa que mexia à minha frente era uma foca que brincava na água.

Vim com os olhos e a alma cheios. É por momentos destes que vale a pena sair de casa pois há tanto mundo para ver.

Os principais pontos de paragem estão facilitados a quem se desloca em cadeira de rodas, com lugares de estacionamento próprios e casas de banho adaptadas. Se pensa fazer uma road trip pela Islândia, tenha em atenção que há que reservar alojamento com alguma antecedência para garantir um quarto adaptado. Ao longo deste percurso os hotéis não são muitos, além de serem muito caros, e as outras opções nem todas oferecem resposta para pessoas com mobilidade condicionada.

Regressámos a Reykjavik onde ficámos uma noite no BB Hotel, Keflavik Airport. O hotel está adaptado e fica muito perto do aeroporto.

Fiquei rendida aos encantos deste país! Adoro visitar cidades mas, perante tanta beleza natural, sentimos elevar-nos para uma dimensão que, parece, não ser deste mundo.

JustGo!!

Ano da viagem: 2019

Links úteis:

Informações sobre o estacionamento para pessoas com mobilidade reduzida

Agência de viagens com tours acessíveis. Não usei os serviços de nenhuma agência, mas o dono desta é paraplégico  o que dá alguma confiança de um bom serviço.

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