Ao ter um blog de turismo acessível existe uma pergunta que, inevitavelmente, me fazem e é sobre qual o país mais acessível onde já estive.

Esta é uma questão de resposta difícil, pois envolve várias condicionantes, mas faz todo o sentido e, quando penso nisso, chego à conclusão de que eu própria a faria a um viajante na minha condição. Digo na minha condição, pois aquilo que é acessível para mim, pode não ser o ideal para pessoas com outras necessidades.

Definir um destino como acessível implica avaliar vários fatores entre os quais entram, invariavelmente, tanto as barreiras físicas como as de mentalidades. E é aqui que entra a subjetividade e, logo, a dificuldade da resposta.

Claro que um país acessível é um país sem barreiras arquitectónicas e com uma resposta, a nível de transportes e mobilidade, que nos dê autonomia e nos permita ser o mais independentes possível. No entanto, tão ou mais importante é o modo como somos tratados e recebidos, não podendo haver qualquer diferenciação pelo facto de termos algum tipo de deficiência.

Sendo que a definição de turismo acessível, ou inclusivo, é a de proporcionar o acesso a atividades de cariz turístico a pessoas com alguma deficiência física ou intelectual, então um país acessível é aquele que dá as mesmas oportunidades a todas as pessoas e não exclui ninguém.

O facto de um Museu ser acessível, a nível de barreiras físicas, não o torna acessível no seu todo se não tiver meios de auxílio como painéis sensoriais, descrição auditiva ou outros. De nada me serve um espaço com rampas de acesso se não vou poder usufruir da experiência num todo ou ser atendida com a mesma atenção, simpatia e respeito do que as outras pessoas.

Berlim 2018

É nas cidades mais desenvolvidas que encontro as melhores condições seja na oferta de alojamento, atividades de lazer, transportes adaptados, ruas largas de piso liso, etc. Inerente a este facto, a minha escolha recai, obviamente, nas grandes cidades que já visitei como Nova Iorque, Londres ou Barcelona, Amesterdão ou Berlim, entre outras, tendo em conta que me faltam visitar, ainda, muitas cidades que terão, com certeza, boas acessibilidades. 

Esta é uma área que tem sofrido uma grande evolução nos últimos anos, mas está longe de atingir a perfeição, pelo que não há situações ideais. Um destino que eu tenha visitado há mais de dez anos, poderá ter sofrido grandes alterações e estar hoje muito mais preparado.

O facto de conhecer uma ou duas cidades de um país, não nos diz se o país é acessível ou não, e, normalmente, visitamos a capital e, com mais pormenor, apenas o centro da cidade. Por tudo isto, sempre que me colocam esta pergunta respondo, muitas vezes, Espanha! Espanha, porque é o país que conheço, quase na totalidade, e no qual já estive em mais do que uma cidade com bastantes condições de acessibilidades, como por exemplo Barcelona e Bilbao.

Em Espanha, basta o simples facto de não haver calçada portuguesa, perdoem-me os entusiastas da nossa tradição, mas o piso liso é uma grande ajuda para quem se desloca em cadeira de rodas e não só! Pessoas com uma idade mais avançada e pouca mobilidade, carrinhos de bebé ou saltos altos, são alguns dos exemplos que também beneficiam com o mesmo.

Aqui encontramos soluções que permitem visitar quase todos os pontos turísticos, os transportes públicos estão na sua maioria adaptados e existem lugares de estacionamento, destinados a pessoas com mobilidade reduzida, em quase todas as ruas. A cereja no topo do bolo é que têm as praias mais acessíveis onde já estive.

Barcelona 2017

Barcelona é um excelente exemplo em termos de mobilidade e de acessibilidade. É uma cidade onde se tenta reduzir ao máximo os veículos tendo, para isso, sido feita uma grande aposta em infraestruturas para a circulação pedestre, de bicicletas e de transportes públicos. Nesse sentido, foram feitas melhorias, também, nas acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida, onde os Jogos Olímpicos de 1992 foram um marco para grandes mudanças. Aliás, o que acontece sempre em todas as cidades onde decorre este evento.

Não posso deixar de falar de Portugal e do muito que tem sido feito, nos últimos anos, para se tornar um destino para todos. As cidades sofreram grandes evoluções, neste âmbito, e nota-se uma preocupação tanto a nível público como privado. Estamos no bom caminho, mas este é um processo em constante evolução, faltando ainda fazer muita coisa e para o qual podemos todos contribuir. Deixo algumas sugestões:

·      A APP +Acesso é uma aplicação desenvolvida pela Associação Salvador que permite classificar os espaços ao nível das acessibilidades, partilhar bons exemplos e denunciar aqueles que não reúnem as condições mínimas de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

·      A TUR4all é um site e uma aplicação móvel com informação e divulgação da oferta turística acessível em Portugal. Nesta aplicação qualquer pessoa pode partilhar as características de acessibilidade dos espaços por si visitados, contribuindo, assim, para a disponibilização de mais informação.

·      O Turismo de Portugal lançou o programa “All for All – portuguese tourism” dirigido a todos os empresários do sector, tendo em vista a sua mobilização, numa atuação concertada de tornar acessível a oferta turística nacional.

JustGo!!

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