E para não quebrar tradições, lá fomos nós à procura de praia em Setembro! Desta vez, escolhemos Magaluf em Maiorca.

Desespero até que chegue o mês de Setembro, mas compensa quase sempre e, desta vez, posso dizer que foi a melhor semana de praia que tive desde o acidente.

Estivemos indecisos com a escolha do destino e, com tudo isto do COVID, esperámos para decidir mais em cima da hora. Como o principal objectivo era ir à praia, optámos por voltar a Maiorca e ter a certeza de que em termos de acessibilidade iria estar tudo perfeito, e assim, escolhemos repetir o que tínhamos feito em 2017 e ir até Alcúdia. Mas, já com tudo marcado, as previsões de mau tempo fizeram-nos alterar um pouco as coisas e mudámos para Magaluf, mais a sul.

Não foi grande a surpresa em relação ao que encontrámos! Magaluf não é um destino de sonho. É um destino de praia com oferta de hotéis, restaurantes, bares e pouco mais e deparámo-nos com tudo um pouco velho e sem grande piada. De facto, não cativou!

Ia com a expectativa de Alcúdia e, assim que cheguei, embirrei com tudo: com o hotel que não tinha as acessibilidades perfeitas, com a cadeira anfíbia da praia que estranhei à primeira vista e que, depois, se revelou a melhor que já usei, com a distância do hotel ao ponto da praia onde estavam os acessórios para as pessoas com mobilidade reduzida e com a terra de que não cheguei a gostar.

O F., ao ver-me tão desolada, contrariou-me desde o início, realçando as coisas boas que eu teimava em não ver.

Bem, então vamos lá à parte boa, que, afinal, é o que interessa.

A praia

O grande objectivo é, sempre, conseguir um hotel próximo do local da praia onde se encontra a cadeira anfíbia que me leva até à água. Esta é uma informação que raramente é disponibilizada, pois são raras as vezes em que existe um mapa com essas localizações, por isso, o google maps é o que, normalmente, utilizo para tentar descobrir onde poderá estar. Desta vez, não fui bem sucedida, pelo que a expectativa era grande mas, por sorte, estava relativamente perto e permitia-me ir até ao hotel, sozinha, sem obstáculos.

A praia é de areia branca, fofinha, com água transparente a 27º, nesta altura, o que, para mim, é maravilhoso, já que não aguento muito tempo na água fria. Estava calor, mas não excessivo e o sol não estava muito forte, ou seja, estava perfeito! Fui eu que disse que este não é um destino de sonho?

A casa de banho da praia era mesmo ali, estava adaptada e pareceu-me limpa, mas, como o hotel ficava perto, nunca a usei. Confesso que a escolha do hotel próximo é mesmo para evitar usar a casa de banho pública.

Fiquei a saber que a praia ao lado, talvez mais equipada para pessoas com mobilidade reduzida, já que esta apenas disponibilizava uma cadeira, tinha muita concorrência e até uma aplicação para marcar hora para se poder utilizar os equipamentos. Ou seja, a minha escolha foi um tiro certeiro!

A cadeira anfíbia

Ao aproximar-me desse ponto da praia, avisto uma cadeira anfíbia que me pareceu muito estranha e fiquei logo desanimada. Mas, afinal, foi uma das melhores que já usei. Era muito leve o que permitia que o F. me levasse sozinho e a conseguisse controlar dentro de água enquanto eu fazia a transferência, sem necessitar de ajuda. E tinha a vantagem de se inclinar toda para trás e transformar-se numa espreguiçadeira onde eu ficava estendida, a apanhar banhos de sol, quando saía da água.

Como não havia mais ninguém a utilizá-la, a não ser um senhor que durante dois dias apareceu à hora de almoço, quando eu já estava de saída, era só para mim. Claro que entrava na água e só saía quando já estava a ficar com os dedos todos engelhados, secava um pouco e lá ia eu outra vez!

O hotel

Ficámos no Hotel Meliá South Beach que, quando fiz a reserva do quarto standard, me ofereceram logo um upgrade para a suite, o que me pareceu óptimo. Escolhemos a opção de meia pensão e foi a melhor decisão, já que a oferta no exterior não era muito apelativa, pelo menos naquele ponto.

Em termos de acessibilidade não era o melhor. Apesar de o quarto ficar no piso de baixo, era necessário usar uma plataforma para vencer alguns degraus. Essa plataforma ficava resguardada e era muito discreta, pelo que não incomodou.

O pequeno almoço era muito agradável, ao lado da piscina, mas, para chegar ao restaurante do jantar, havia outra plataforma, esta menos discreta e mais chata já que dependia sempre de que alguém a viesse ligar. Talvez este tenha sido o que menos gostei do hotel.

Em relação ao quarto tinha áreas grandes, mas as adaptações não eram as melhores. O banco para o duche era bom, mas não tinha barras de apoio e a sanita estava equipada, mas muito em cima da parede não dando grande margem para manobras.

O hotel era moderno, com uma decoração muito simpática e tinha vários espaços de lazer: duas piscinas e uma esplanada onde se almoçava muito bem, com acesso directo. O nosso quarto ficava virado para uma das piscinas, onde se chegava diretamente, o único senão é que as piscinas não eram acessíveis.

Conclusão, o hotel não estava perfeito em termos de acessibilidades, mas tudo o resto era muito bom pelo que voltaria a escolhê-lo.

Transportes

Desta vez, tratámos nós das viagens de avião. Quando fomos em 2017 não existiam voos directos para Maiorca a não ser marcando com agências de viagem, mas agora já há, pelo que fizemos a marcação para lá com a Air Europa com escala em Madrid, porque o directo ia chegar muito tarde, e, para cá, viemos directos com a Vuelling. Ia escrever que correu tudo bem, e efectivamente correu, mas já estávamos a entrar na pista para descolar quando tivemos que voltar para trás e mudar de avião porque aquele tinha um problema no motor…. Ufff!

Para chegar a Magaluf fomos de transportes públicos, de autocarro, desde Palma de Maiorca, mas também há hipótese de ir diretamente para o aeroporto. Os transportes públicos funcionam muito bem e estão adaptados para pessoas em cadeira de rodas. O nosso parava mesmo à porta do hotel.

A viagem

Como já tínhamos estado de passagem em Palma de Maiorca e gostámos muito, decidimos tirar dois dias para explorar um pouco mais a cidade. É uma cidade muito simpática, com boas acessibilidades, mas com algumas inclinações de terreno, o que complica um pouco a deslocação. Em breve partilharei a minha aventura por lá!

Maiorca é, para mim, um excelente destino para fazer praia acessível. Claro que este é um destino de turismo de massas, em que algumas zonas, como por exemplo Magaluf, são de grande confusão e pouco apelativas. Por isso, talvez seja melhor evitar os meses de época alta. Eu sempre fui em Setembro e não encontrei muita gente, desta vez talvez, também, pela questão da pandemia.

Como já escrevi algumas vezes, Espanha é, para mim, um dos países mais bem preparados para quem anda em cadeira de rodas e quando se trata de praia é excelente, tanto em equipamento como no apoio dos nadadores salvadores!

Afinal, os destinos de sonho somos nós que os fazemos, não criando muitas expectativas e aproveitando aquilo que nos oferecem, e, neste caso, deu-me tudo o que eu procurava nesta altura.

JustGo!!

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3 Comments

  1. Olá!
    Em 2024 a cadeira anfibia tem a lona rota…. desilusão
    E a água ali tão perto….

    • Sofia Reply

      A sério??? Ohhh, que desilusão mesmo!
      E não conseguem arranjar?
      Há uma praia ao lado, um pouco mais longe, mas dá para ir.
      Espero que consigas!

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